O POVO TEM O POLÍTICO QUE MERECE.
“Cabe ao eleitor defenestrar do poder o político que traiu e desonrou o voto que recebeu nas urnas. Cabe ao eleitor dizer não à reeleição do político que corrompeu, roubou, descaminhou, prevaricou e não cumpriu o dever da representação”.
O
povo brasileiro vive reclamando da política e dos políticos, mas quem elege o candidato
e o coloca na cadeira de representante no Legislativo ou no Executivo é o
próprio, porquanto esteja no papel constitucional de eleitor (art. 14 da CF). Aliás,
o voto é uma arma poderosa nas mãos do cidadão, desde que usada da forma
correta, em prol da cidadania e dos verdadeiros interesses da coletividade.
Essa
história de reclamar do político que não representa o eleitor; que não
comparece ao local de trabalho; que foge de suas responsabilidades; que rouba,
mas faz; que é corrupto e corruptor; que vive metido em investigações por
improbidade; que tem condenações criminais; que transforma o gabinete em cabide
de empregos; que abusa do nepotismo descarado; que envergonha e desgraça o país;
e que nem por isso abandona a política; é culpa do eleitor. Simples assim: é
culpa do eleitor.
Não
se admite, em sã consciência, que alguém venda o voto em troca de favores
pessoais ou compensações materiais insignificantes. Também não se admite que
alguém compre o voto e transforme a eleição num festival de enganos, engodos e
demagogia barata. São dois crimes puníveis e condenáveis.
A
indiferença de muitos indivíduos, segundo os quais a política é coisa para
chatos e desocupados, acaba provocando uma enxurrada de candidatos eleitos sem os
requisitos mínimos necessários. O voto da grande maioria do eleitorado
orienta-se, lamentavelmente, por imagens de candidatos que transmitem a ideia
de defensores dos pobres e oprimidos, quando, na realidade, não passam de
aproveitadores da inocência e do despreparo cívico do eleitor.
O
povo tem o político que merece. O povo tem o político que elegeu, de livre e
espontânea vontade. O povo tem o político que escolheu, apesar de todas as
informações desabonadoras sobre ele. O povo tem o político que, apesar dos
erros e crimes, foi reeleito para mais um mandato fanfarrão.
Os
votantes precisam ser responsáveis pelos fracassos dos políticos em que
votaram. Ora, fica muito fácil eleger um candidato imprestável e depois colocar
a culpa no eleitorado inteiro. A culpa é personalíssima, daquele que digitou o
número do seu candidato e não cobrou postura adequada dele no exercício do mandato.
Mas não repita o erro.
O
voto é importante para o povo e para o país. O voto e a política são
componentes da democracia. O voto é um instrumento de poder popular. A política
é parte do cotidiano de todos nós. A política está nos meios de comunicação,
nas conversas de rua, nas reuniões da família, no convívio do trabalho, no dia
a dia da escola. A política interfere na economia, na saúde, na educação, na
segurança, no transporte. A política está presente em tudo e em todos os
lugares. Portanto, vamos parar com essa filosofia barata de que política é só corrupção
e roubalheira, porque a política é parte da sociedade e não pode ser separada,
enquanto que os maus políticos, esses sim, podem ser trocados sempre que o
eleitor quiser.
Assim,
cabe ao eleitor defenestrar do poder o político que traiu e desonrou o voto que
recebeu nas urnas. Cabe ao eleitor dizer não à reeleição do político que
corrompeu, roubou, descaminhou, prevaricou e não cumpriu o dever da
representação.
A
partir de 2018, a expectativa da sociedade organizada é que o povo vote com
seriedade, critério e extremo rigor, avaliando detalhadamente o candidato e
pesquisando sobre a sua vida, porquanto sejam indispensáveis a lisura, a
idoneidade, o comprometimento, a honestidade, a ética, a vontade de trabalhar para
o povo e não para si, a disposição para o diálogo e, além desses requisitos,
ter ficha limpa.
O
voto, a partir de 2018, vai ser encarado como a redenção do povo brasileiro. Espera-se.
Os acontecimentos catastróficos na política nos últimos anos são mais que suficientes
para abrir os olhos do eleitor. Não precisa mais. A dose de sofrimento foi desumana.
Agora, vamos votar com sabedoria, porque o país não suporta mais ser virado do
avesso.
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Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
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