O BRASIL TEM JEITO E BASTA VOCÊ QUERER.

 

Dizem por aí que o Brasil é igual pau de goiabeira, que enverga mas não quebra. Porém, essa falácia vem custando muito caro à população brasileira, que se acomoda e não procura melhorar sua condição e seus horizontes.

Vale notar, pesarosamente, que a iniciativa privada está afogada em meio ao lodo de impostos, leis e burocracia asfixiantes; que a política brasileira navega em águas turvas e turbulentas; que a economia caminha no fio da navalha; que as políticas públicas se perdem na pequenez das promessas; que o controle social não compartilha as decisões do Estado; e que os conflitos mundiais repercutem aqui os tempos intensos de ódio, intolerância e revanche. Lado outro, em resposta a tudo isso de negativo, as nações mais poderosas já se inclinam para a direita.

Cumpre reconhecer, lamentavelmente, que o Congresso Nacional há muito está de cócoras, com o queixo nos joelhos; que o STF legisla no lugar da Câmara e do Senado; que a dívida pública, o déficit fiscal e a segurança jurídica foram para o espaço; que a decisão de um único juiz vale mais que uma Constituição inteira; e que o “toma lá, dá cá”, a ruptura, o tapetão, a briga e o desequilíbrio fazem parte do dia a dia dos Três Poderes.

Cabe evidenciar, especificamente, que o povo está decepcionado e indignado com a omissão de deputados e senadores; com o ativismo judicial da Suprema Corte; com a usurpação de competências entre os poderes; com um sistema bicameral que tergiversa e não honra os princípios constitucionais; com um sistema econômico que gasta mais do que arrecada; com um governo que eleva cada vez mais a carga tributária e não entrega serviços públicos adequados; e com um regime político demagogo e oportunista que cria dificuldades para vender facilidades a preço de ouro.

Mas o Brasil tem jeito e basta você querer.

O pior brasileiro é aquele que não respeita o seu país. Se tem algo que me entristece profundamente é ver alguém falar mal do Brasil ou dizer que vai embora para o exterior porque “isso aqui não tem jeito”. Ora, quem faz o país melhor ou pior são as pessoas, pois são elas que votam e escolhem seus representantes; são elas que ficam caladas quando deveriam se manifestar; são elas que pagam os tributos sem exigir a contrapartida de serviços públicos eficientes; são elas que corrompem ou aceitam propinas; são elas que fazem vista grossa aos ilícitos e reclamam das leis; e são elas que aceitam o cabresto da segregação social e não sabem lutar por direitos e cumprimento de deveres. 

Mas, francamente, quem são esses brasileiros? Ora, são pessoas que cobram no singular, quando a cobrança deveria ser no plural. Somos todos nós, independentemente da condição financeira, do nível intelectual, da raça, do sexo, da cor, do credo, da opinião ou da classe social.

É da compreensão humana que as pessoas têm defeitos e podem errar, mas permanecer no erro ad aeternum é burrice. Corrigir o rumo torto e adotar atitudes cívicas e civilizadas é o que se espera do cidadão. Nunca é tarde para se redimir, fazer o “mea culpa” e assumir novas posturas na defesa do certo, do ético e de tudo aquilo que representa o interesse da coletividade cidadã. Exigir bons exemplos é dar bons exemplos em troca.

Maus cidadãos merecem punição. Basta de corruptos e de corrupção endêmica. Lugar de ladrão é na cadeia. Chega de desvio de dinheiro público. Lugar de autores de peculato e estelionato é atrás das grades. Ninguém aguenta mais tanta politicagem sórdida bancada com o dinheiro do povo. Não há como suportar ídolos de barro, investigados e condenados, que mancham o nome do Brasil. Chega de bestas ideológicas protegendo criminosos de colarinho branco.

Os brasileiros reclamam que o país precisa evoluir. Um país melhor requer pessoas melhores aos olhos do Brasil e do mundo. Não resolve apenas reclamar e ficar deitado em berço esplêndido. A solução está na ação, no caráter, na educação, no trabalho, na solidariedade, na cidadania e no legado que cada um deixará para as gerações vindouras.

A nossa imensa nação merece o nosso respeito e a nossa mais absoluta defesa, apesar das mazelas. Esta é a nossa terra, que produz grãos e riquezas, que gera emprego e renda, apesar dos pessimistas. Este é o nosso Brasil, que depende de todos nós, apesar das diferenças e das ideologias. Esta é a nossa pátria, que merece nossa luta na busca da garantia de um presente relevante e de um futuro promissor.

Caso contrário, se permanecermos ajoelhados e inertes, quaisquer discursos se converterão em retóricas farsescas e absolutamente vazias.

Não permita que a dissensão e a anomia do Estado calem a sua voz.

Não admita que o estado social da beligerância governe o seu destino.   

Portanto, erga-se! O Brasil tem jeito e basta você querer.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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