ENFIM, ALGUMAS PROPOSTAS.

No terceiro debate entre os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), realizado pela Rede Record no domingo, 19, as mútuas acusações que tomaram conta dos dois primeiros embates deram lugar às discussões de algumas propostas, adentraram o campo da inflação e retornaram à questão da corrupção na Petrobras.

Os candidatos se superaram não na troca de farpas, mas na citação de índices e estatísticas sobre crescimento econômico, criminalidade, inflação, educação, saúde e Bolsa Família. Os números colocados a esmo, não despertaram o interesse do eleitor, mesmo porque nessas áreas as políticas públicas deixam muito a desejar.

Os temas discutidos pelos candidatos com semblantes sérios trataram especificamente da universalização da Lei do Simples (regime de tributação simplificado para as micro e pequenas empresas), violência e segurança pública, integração das polícias, direitos trabalhistas, fator previdenciário, taxa de desemprego, controle da inflação, mapa da fome, Bolsa Família, bancos públicos, escolas técnicas, sistema de educação, atrasos de obras e desvios de recursos na Petrobras.

Entre um e outro momento de exposição de ideias interessantes para a população, o que prevaleceu foram a falta de propostas concretas, a insistência dos candidatos em colocar Minas Gerais no centro do debate e a falta de elegância no trato de um com o outro.

O debate não pode se deixar contagiar pela raiva das campanhas, pelos excessos cometidos nas redes sociais ou pela falta de urbanidade dos candidatos. 

Mas, enfim, algumas propostas foram resgatadas no terceiro debate. Contudo, resta saber os planos de governo dos candidatos quanto às providências mais urgentes, que requerem e dependem de ação e atitude, quais sejam, os investimentos robustos necessários a saúde, educação, transporte, moradia, segurança, proteção ambiental, água, esgoto, infraestrutura, produção de alimentos, energia limpa e outros tantos que fazem parte do dia a dia do brasileiro.

Naturalmente os eleitores ficariam muito mais felizes se tivessem a certeza de que esses direitos acima enumerados seriam garantidos com efetividade. Maior felicidade seria ainda a população contar com enérgicos e eficazes combates à inflação, à corrupção, à prevaricação, aos desvios de dinheiro público e à improbidade administrativa. 

Os riscos iminentes proporcionados por esses ilícitos colocam em xeque a governabilidade do país, e não é esse o desejo do povo, haja vista a necessidade inarredável da prevalência da democracia.

Com certeza, o brasileiro não precisa de promessas, mas de planos de governos sérios. O país tem de mostrar o seu valor, quer seja no agronegócio, na indústria ou nos serviços. O Brasil precisa crescer e elevar a qualidade de vida do seu povo, gradativamente. Essa obrigação é do Estado, e a da sociedade é a participação de todos, exercendo a cidadania com liberdade e responsabilidade, com direitos e deveres e com o regular cumprimento da Carta Política.

Wilson Campos (Advogado). 

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 23/10/2014, pág. 21).

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