A CIDADANIA DE VOLTA ÀS RUAS.
Diante da profusão de
interesses mesquinhos que causam engulhos aos cidadãos de bem, não resta aos
brasileiros outra saída, senão a de voltarem às ruas e continuarem
demonstrando, através de faixas e cartazes, a sua mais absoluta indignação com a
corrupção e o desrespeito das autoridades públicas.
Em junho de 2013 o
Brasil foi despertado de um grande torpor antipolítico por meio de um contingente
de manifestações, que tomaram as ruas das principais cidades e demonstraram a
indignação dos cidadãos, das famílias, da sociedade civil organizada.
A população foi às
ruas e pediu de forma educada, mas enérgica, que os governantes priorizassem a
saúde, a educação, o transporte, a segurança e o meio ambiente. Passados quase
quatro anos, a politicagem corre solta, a maioria dos corruptos estão impunes
ou punidos levemente, as providências legais e emergenciais nem sequer foram
iniciadas e as autoridades continuam inertes nos seus confortáveis
observatórios do poder. Aliás, podre poder!
A sociedade
brasileira, da mais liberal à mais conservadora, corroborou em pensamentos e em
atos as manifestações cívicas e ordeiras, bem como endossou as justas pautas de
reivindicações do povo. Contudo, de nada adiantou, porque os políticos
assentados nas esferas federal, estadual e municipal permanecem alheios e
ausentes, absortos com o efêmero.
A cidadania promete
voltar às ruas, logo agora no dia 26 de março próximo, com novas manifestações
em defesa da moralidade na política, do bom andamento da Lava Jato e do fim do
foro privilegiado. Essa mobilização cívica, ordeira e pacífica, como deve ser, constitui
um instrumento em prol da vida, imprescindível aos interesses da coletividade,
que exige mais que simples sobrevivência e que não admite a atrofia, a retirada
de direitos e garantias, a mutilação ou a escravização da pessoa.
A volta da cidadania
às ruas é uma prerrogativa do povo, requerente não apenas do direito de ir e
vir, como também da liberdade de expressão. O povo é requerente do
aperfeiçoamento das práticas democráticas, da sua participação ampla na vida do
país e da realização dos sonhos das famílias, que têm como aspiração a efetiva
e percuciente busca pela qualidade de vida.
A população
brasileira merece mais que promessas feitas de quatro em quatro anos. Fazem-se
necessárias as reformas engavetadas pelo sistema bicameral. Basta de exclusão
social com segregação econômica e cultural. Chega de conivência governamental
na defesa dos interesses de poucos, em detrimento dos direitos de muitos. E, se
não existia oposição, ela já está surgindo: a oposição cidadã.
O mote do ato em
defesa da operação Lava Jato é um recado claro aos políticos corruptos, que
pensavam que o povo teria se esquecido da punição necessária dos condenados. Ou
seja, a população está atenta para as medidas do governo, que busca a
impunidade de determinados políticos, e isso o povo não pode tolerar, assim
como não pode admitir a anistia do caixa dois, a continuação do foro
privilegiado e as reformas a toque de caixa, sem a participação efetiva da
sociedade cidadã.
Entretanto,
consideradas as valiosas vertentes das manifestações e a volta da cidadania às
ruas, a radicalização não pode ser permitida, posto que nada acrescenta à verdadeira
cidadania tão desejada pela sociedade. Os atos de violência e vandalismo, da
mesma forma, não coadunam com as aspirações da coletividade. O diálogo e as
discussões no campo das ideias, indubitavelmente, representam um passo largo ao
encontro das soluções civilizadas.
Enfim, que
realizem-se as manifestações país afora, que encham-se de pessoas ordeiras e de
caráter as ruas das cidades e que reverberem-se os clamores dos cidadãos na defesa
dos essenciais direitos sociais. Mas não se enganem, porque os motes também serão
a reforma da Previdência, a reforma trabalhista, a reforma política e a reforma
do ensino médio. Tudo isso e as outras causas e bandeiras acima elencadas, que
pedem o fim da impunidade de políticos; o fim do foro privilegiado; o fim do
caixa dois; o bom andamento da Lava Jato; a prisão dos condenados e a devolução
do dinheiro desviado; a volta do pleno emprego; o combate da inflação e dos
juros altos; e o necessário, imprescindível e integral respeito aos cidadãos brasileiros.
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
Wilson Campos
(Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Especialista em Direito Tributário,
Trabalhista e Ambiental).
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConcordo com o doutor quanto à manifestação ordeira e pacífica, pois assim é que deve ser numa sociedade civilizada. Reclamar, mas não quebrar nada do público ou do privado. Parabéns doutor Wilson Campos pelo excelente artigo, mais uma vez, demonstrando equilíbrio e racionalidade na defesa dos princípios legais. Vamos à luta do povo, mas com integridade e energia. Josué Paixão Villanova. Brasil.
ResponderExcluir