MULTIDÕES PERDIDAS



Não que eu seja desmotivador das grandes multidões que brilham em torno do carnaval, mas esse brilho é indispensável também nas mobilizações populares, nas manifestações cívicas e na defesa necessária dos interesses difusos e coletivos da sociedade.

Além do grito fenomenal de carnaval cabem também os gritos pela moralidade, pela legalidade e pela probidade administrativa. Além da festa de quatro dias de folia precisam surgir também os infinitos dias de serviço público com qualidade, de hospitais e escolas estruturados e suficientes para o atendimento da população. Além da alegria exagerada, motivada pela bebida, vale também a chegada alegre do pleno emprego, do fim da violência, do extermínio da corrupção, do cárcere para os condenados e da devolução do dinheiro roubado, independentemente da classe econômica, do poder aquisitivo ou da função pública ou privada do indivíduo.

Com certeza as pessoas podem se divertir, ainda mais na ocasião das festas movidas pelas multidões carnavalescas. O sorriso, a fantasia, a cordialidade, o brilho nos olhos e nas roupas formam a harmonia que sobra por todos os lados, porque a festa é na rua, a festa é do povo, a festa é da música e da alegria de viver. No entanto, perdoem-me a franqueza ao dizer que, enquanto o povo pula e grita, a corja de malandros do poder se esbalda no enriquecimento ilícito, na malversação do erário e se afasta da punição que tinha de ocorrer imediatamente.  

Passada a festa, curada a ressaca da bebedeira, estourado o cartão de crédito e correndo o risco de perder o emprego, o cidadão comum retorna para a sua vida normal da correria, das reclamações, das contas para pagar e do pouquíssimo dinheiro no bolso. A vida continua. Mas que vida é essa que tem tempo para o carnaval, mas não tem tempo para a efetiva participação na discussão da violência, da corrupção, dos rumos da política e da economia do país?

Se o indivíduo tem fôlego para o carnaval, deve tê-lo também para sair às ruas e dizer o que pretende para agora e para o futuro, sem que os governantes façam o que bem entendam com a sua vida. Ora, pular carnaval por quatro dias é uma coisa, mas pular todos os dias sob a chibata da crise criada por governantes corruptos e incompetentes é outra totalmente diferente. Isso, não!

A solução pós-carnaval há de vir do povo. Do mesmo povo que brincou e gritou o carnaval. Da mesma gente que briga pela participação e pelo engajamento da sociedade em todos os momentos e em todos os níveis. Do mesmo pulmão que berrou letras e músicas na folia de Momo, mas que entoará a chamada geral para as ruas, para as praças e para todos os lugares que acomodem os cidadãos de vergonha na cara, porque se sentem sacaneados, roubados, vilipendiados e amordaçados por uma corja de safados que arrebentam impunemente com o país.

Acabou o carnaval, arregacem as mangas e “bora” apoiar a Lava Jato e colocar os criminosos na cadeia!

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Wilson Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).


Comentários

  1. Estimado Dr. Wilson Campos, eu não apenas concordo com o senhor como avalio que as multidões que vão para o carnaval, futebol e outras festas, se também fossem para as ruas, no mesmo número de pessoas, para lutar por emprego, justiça, cidadania, respeito, e contra a corrupção, roubalheira, abusos de políticos, violência e outras coisas mais, com certeza o Brasil estaria muito melhor. Portanto, vamos para as ruas lutar por nossos direitos garantidos na Constituição Brasileira. Josué Benigno F.A.F - Brasil!!!!!

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  2. Se essas multidões de pessoas do carnaval, da passeata gay, dos campos de futebol, das praias de verão, fossem também para as ruas pedir por cadeia para os corruptos, mais verbas para a saúde e a educação, mais segurança e menos violência, com certeza esse país seria outro, porque o político tem medo do povo, ainda mais se esse povo marchar para Brasília e ficar ali, de plantão, enquanto não tomarem vergonha na cara e passarem a respeitar a nação brasileira.
    PARABÉNS DR. WILSON CAMPOS, por todo o dito e por todo o escrito. É isso mesmo, verdade seja dita, agora, já. Saudações. Joselito M. MG/Brasil.

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  3. Estou lendo os artigos do seu Blog. Que beleza! Fantástico! Concordo, e ponto final. Abrahão A.F., Terras das Minas Gerais, dos Inconfidentes.

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