BH ESTÁ SUJA, TRISTE, FEIA E ABANDONADA.

 

Nesse domingo (24), transitei por várias ruas e avenidas da nossa querida cidade. Passei pela avenida Nossa Senhora do Carmo, a certa altura adentrei a avenida do Contorno, percorri várias ruas da Savassi, contornei pelas avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo e fui para a Praça da Liberdade, desci a avenida Bias Fortes, peguei no sentido da Lagoinha, acessei a avenida Antônio Carlos  e segui rumo à Pampulha.

Apenas nesse trajeto, em pouco mais de uma hora registrei, visualmente, toneladas de lixo espalhadas pelas ruas, avenidas e canteiros centrais. Uma sujeira tão grande, que parecia ter passado por ali um tsunami. Um cenário tão deprimente, com fortes sinais de abandono, que dava para sentir no ar o mau cheiro exalado das lixeiras lotadas e dos pequenos lixões formados a céu aberto em plena região Centro-Sul da capital.

A outrora Cidade Jardim, que causava orgulho a todos e recebia elogios nacionais e internacionais, hoje não passa de uma metrópole sem atrativos, sem beleza e totalmente descuidada. 

A bela paisagem deu lugar à sujeira espalhada pelo centro e pelos bairros, numa declarada guerra de pouca ou nenhuma civilidade, de pouca ou nenhuma gestão municipal. BH está suja, triste, feia e abandonada.

Enquanto os problemas se acumulam, as soluções são adiadas. A cidade sofre, e o povo padece. Prefeitura e Câmara Municipal não se entendem, em razão de picuinhas políticas, e a população é forçada a assistir inúmeras sessões com pedidos de impeachment de vereadores, como se apenas isso fosse de interesse da coletividade. Ora, a decência parlamentar é exigível, mas as atribuições devem ser cumpridas, independentemente de imbróglios pessoais ou internos da Casa.

A prefeitura, por sua vez, precisa agir com maior celeridade. Belo Horizonte não pode sucumbir e se tornar uma capital decadente, seja pelo lixo amontoado, árvores suprimidas e não replantadas, mato para todo lado, ruas esburacadas, pichações de imóveis públicos e privados, inundações recorrentes, obras intermináveis ou falta de solução adequada para as milhares de pessoas em situação de rua.

Ouvir as reivindicações dos eleitores e propor e aprovar os pedidos no interesse difuso e coletivo, assim como legislar com responsabilidade e fiscalizar o prefeito e seus secretários, são obrigações mínimas da Câmara Municipal. Administrar a cidade, executar obras, gerenciar os recursos públicos, realizar a limpeza urbana, custear serviços públicos essenciais e cumprir com a gestão eficiente do município são obrigações da prefeitura.

BH está suja, triste, feia e abandonada. O senhor prefeito e os senhores vereadores carecem de entendimento no sentido de que a cidade precisa ser cuidada, o mais rápido possível, do centro aos bairros, de norte a sul e de leste a oeste, sem demora e sem mais desculpas. A gestão pública requer iniciativa, vontade e atitude das autoridades administrativas.

E, em razão de tudo isso e de todas as mazelas urbanas presenciadas, BH está suja, triste, feia e abandonada. Lamentavelmente!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).  

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 28 de setembro de 2023, pág. 19). 

Clique aqui e continue lendo sobre temas do Direito e da Justiça, além de outros temas relativos a cidadania, política, meio ambiente e garantias sociais.