POLÍTICO BISSEXTO, QUE SÓ APARECE DE 4 EM 4 ANOS.

 

Na edição do dia 5 de junho deste ano, o jornal O TEMPO (o principal e o mais vendido jornal de Minas) publicou matéria com o seguinte título: “Corrida para a Prefeitura de BH começa com 10 pré-candidatos”. Ou seja, o cenário na capital se transforma e já é possível perceber prováveis postulantes ao cargo.  

Falta mais de um ano para as Eleições 2024, quando eleitores voltarão às urnas para escolher prefeitos e vereadores nos 5.568 municípios brasileiros, sendo que só em Minas são 853, mas a fogueira das vaidades políticas já eleva suas chamas e queima a possibilidade de harmonia. Salvo raríssimas exceções, as discussões vão sendo pautadas apenas por interesses partidários, acusações mútuas e propostas frágeis, demagogas e populistas.

Ninguém se joga de corpo e alma no combate à corrupção, na defesa da moralidade e da ética na vida pública, na efetiva instalação das reformas política e administrativa, no enfrentamento daqueles que censuram e retiram a fórceps o direito às livres opinião e manifestação. Ninguém se preocupa, posto que o preço do nosso sacrifício seja o ego de políticos incompetentes que não valem sequer um voto, mas que já tomam as ruas e se projetam por meio de discursos vazios, desarrazoados e de repetições amorfas de palavras que não trazem esperança alguma.

Pobres dos municípios cujas políticas públicas dependam dessas pessoas. Pobre da gente sofrida do meu Brasil, que, apesar de suas boas intenções, se vê constantemente enganada por garimpeiros de votos. Pobre do contribuinte, pagador de pesados impostos, que não tem a contrapartida do Estado. Pobre do povo brasileiro, que tem de suportar políticos bissextos, que só aparecem de quatro em quatro anos.

As mazelas sociais acontecem no decorrer de quatro anos, ininterruptamente, e o indivíduo não aparece para socorrer os cidadãos. Em nenhum momento ele se constrange com as negligências do poder público. Mas depois de quatro anos ele reaparece, ressurge das cinzas e, com sorriso largo, dá tapinhas nas costas dos eleitores. Claro, estou falando do político bissexto.

Acontece, candidatos, que os tempos são outros, o povo está de olhos e ouvidos bem atentos, suficientes para perceber sua atitude de prometer e não cumprir, de se eleger e não honrar o voto recebido, de mentir e não sentir vergonha alheia. Ademais, o eleitor não aceita mais ser tratado feito gado, e não mais caminha de cabeça baixa, e não mais vive na antessala da desinformação. A internet, as redes sociais e a velocidade da comunicação abriram caminhos para o conhecimento, para o novo, para o que representa, de fato, os interesses do cidadão comum.  

Um país que se diz democrata não pode deixar de atuar na defesa da cidadania e da soberania popular. Não pode agregar políticos bissextos que somente apareçam para o eleitor de quatro em quatro anos; que somente visitem os bairros, distritos, cidades e zona rural de quatro em quatro anos; que somente carreguem crianças no colo para agradar os pais de quatro em quatro anos; que somente prometam trabalhar por educação, saúde e segurança de quatro em quatro anos; e que, passadas as eleições, desapareçam, eleitos ou não.

Por outro lado, temos ainda uma parcela da sociedade que vota sem pensar e elege candidato ficha-suja, outra que vota por ideologia e simpatia ao partido, outra que vota porque alguém pediu ou mandou, outra que vota em troca de emprego ou de material de construção, e outra que vota no candidato à reeleição mesmo sabendo que ele está sendo investigado por crimes cometidos. Isso precisa acabar, sob pena de o país encarcerar para sempre não os criminosos, mas os direitos e as garantias da sociedade.

Embora a politicagem corra solta no Brasil, a via eleitoral ainda é a melhor saída para os problemas do país. No entanto, essa via democrática requer amadurecimento do eleitor, de forma que ele pense muito antes de votar. O escolhido para representar o povo necessita, no mínimo, ter ficha limpa, ser idôneo e honrado, ser trabalhador e ético, ser transparente e honesto, inspirar confiança e honrar compromissos e trabalhar duro na valorização do voto recebido, prestando contas do mandato e respeitando a opinião pública.

Se o político bissexto é como um pastor que abandona seu rebanho - incompetente, irresponsável e improbo -, cabe ao eleitor não admitir que tal indivíduo alcance seu infausto intento de galgar cargos e funções à custa do seu voto. E ainda que o país tenha uma jovem e pálida democracia, consolidando aos poucos um referencial político, isso não quer dizer que serão aceitos candidatos que somente apareçam de quatro em quatro anos.

Portanto, caríssimos eleitores, a missão e o papel do político devem ser de representante da sociedade, de combativo defensor das causas comunitárias, de alguém disposto a lutar permanentemente pelas demandas sociais, sejam individuais ou coletivas, e que saiba colocar o interesse da população acima dos seus interesses pessoais. 

Por fim, em Belo Horizonte, os candidatos à prefeitura e à Câmara Municipal precisam estar preparados para os impactos da queda de arrecadação, pois o sinal vermelho está ligado pelo governo do PT, que vai empobrecer os municípios ainda mais, bastando ver o que vem acontecendo com a redução nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal causa da pré-falência de muitas cidades, que traz consigo a crise financeira e o caos.   

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021). 

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Comentários

  1. MUITO BOM O TEXTO DOUTOR WILSON CAMPOS. TEM MUITO POLÍTICO E É A MAIORIA QUE DEPOIS DE ELEITO SOME E SÓ REAPARECE DEPOIS DE 4 ANOS PARA PEDIR MAIS VOTOS. ESSES NÃO MERECEM VOTOS E MERECEM UMA SURRA PARA DEIXAREM DE PALHAÇADA COM A CARA DO ELEITOR. PARABÉNS DR WILSON POR ESTE PUXÃO DE ORELHAS NESSES POLÍTICOS BISSEXTOS COMO O SENHOR BEM DISSE. ABR. MIZAEL FARINA

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  2. Tem mesmo essa turminha que se elege e depois desaparece e só volta de 4 em 4 anos como se nada tivesse acontecido nesses anos de sumiço total. Eu já esculacho logo e digo que não voto mais e que joguei meu voto antes no lixo votando no ausente e bissexto (aprendi hoje essa palavra). Dr. Wilson Campos meus parabéns e votos de sucesso cada vez mais pro senhor. Att: Lucimara Anuar.

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