SILENTES, SUBSERVIENTES E SUBMISSOS - BONS E MAUS NA POLÍTICA.

 

Os políticos foram cooptados pelo neoclientelismo institucional. Sistematicamente, o poder os corrompeu e os agrupou na doutrina dos silenciosos, bajuladores, passivos e servis, salvo raríssimas exceções. A nação que se esperava democrática, libertária e cumpridora das promessas estagnou as realizações e matou os sonhos. A juventude que brandiu bandeiras e pediu eleições diretas se decepcionou com os aproveitadores contumazes que passaram a defender apenas interesses próprios.

A lição deixada pelos quatro mosqueteiros da esperança brasileira, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Itamar Franco e Teotônio Vilela não serviu de exemplo para os fracos de espírito, que não tiveram a mesma serenidade no trato da coisa pública.  

Os bons políticos se foram. Os maus ficaram. Pior, se multiplicaram, para infelicidade do povo. Com a desesperança crescendo a cada dia e tomando conta das mentes sadias, os algozes aproveitam para fertilizar os seus cérebros doentios com ações ímprobas. A politicagem silente, subserviente e submissa já não se esconde. Mostra a cara, pede voto, negocia emendas parlamentares e tripudia dos incautos eleitores.

Na librina das noites e madrugadas já não encontramos mais as cabeças patriotas a pensar. As discussões agora excluem os princípios fundamentais e dão preferência às inescrupulosas ações que dilapidam vergonhosamente o patrimônio e os cofres públicos nacionais.

Os traidores das garantias constitucionais são traidores do país. Os desrespeitadores dos direitos sociais são exploradores do esforço humano.  Os malversadores do erário público são criminosos comuns disfarçados de colarinhos brancos.

Onde a lei não alcança ou a justiça tarda, pratica-se a politicagem do ódio perpetrada pela ganância das facções políticas no poder, com a população pagando um alto preço pela desonestidade dos gestores públicos amorais. Os investimentos faltam, os recursos somem e a nação caminha cambaleante.

O papel do Parlamento não é esse que desempenham por aí. As prerrogativas do sistema bicameral precisam ser assumidas e exercidas de modo a construir barreiras aos erros do Executivo e aos desperdícios dos recursos que deveriam ser investidos na formação de uma sociedade mais igual. No entanto, o fisiologismo arraigado na classe política coloca em evidência o toma lá dá cá que governa a conflituosa e verdadeira relação entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional.

Não há o que comemorar no cenário político brasileiro. A mediocridade é tamanha que até os acertos, muito raros, passam desapercebidos. As mudanças não vão surgir por obra do Executivo ou do Legislativo, mas por pressão do povo. As mobilizações é que darão nova cara ao Estado Democrático de Direito. Serão os cidadãos nas ruas que darão o tom da música a ser tocada. Afora isso, só Deus!

Com Ulysses, Tancredo, Itamar e Teotônio a história seria outra. A politicagem silente, subserviente e submissa não existiria, porque embora perigosa na arte do segredo, da condescendência e do puxa-saquismo, simplesmente não teria espaço para voar, posto que suas asas estariam meticulosamente podadas. Os corruptos e corruptores da mesma forma não sobreviveriam. Contudo, o que vemos hoje é um governo que corrompe e que se deixa corromper. Chega! Acorda, Nação Brasileira!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Dr. Wilson, bons tempos aqueles dos políticos honestos e que pensavam no país primeiro - Ulisses, Tancredo, Itamar e Teotônio. Esses gostavam da política pela política e não pelo poder. Esses foram políticos honestos e não ficaram milionários com a política como acontece hoje com os políticos que estão por aí trocando favores e recebendo emendas parlamentares como obséquios. Todos vendidos e sem moral para dizer que os 3 Poderes são independentes, porque não são. Hoje em 2023 não são, e manda quem tem mais coragem de falar mais grosso ou verba para distribuir. Verdade que é triste. Temos de voltar para as ruas porque de dentrop de casa e de frente pra televisão não conseguiremos nada e o país vai ser corrompido até as entranhas. Fanjio R. E. Honorato

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  2. Eu relembrei aqui nossas idas à praça da rodoviária para ver e ouvir esses quatro mosqueteiros da esperança (Tancredo, Ulysses, Itamar e Teotônio) quando o povo pedia diretas já. A turma era moderada, era honesta e não tinha rabo preso como os políticos de hoje têm aos montes. A redemocratização passou por esses nomes e só assim foi possível o voto, mas parece que o povo não aprendeu a votar e vejam no que deu em 2022 com o eleito para 2023/2026. Só terror e pânico. Saudades dos bons políticos que mereciam confiança do povo. O artigo do senhor dr. Wilson Campos é uma dádiva de melhores informações do nosso Brasil que cresce mad não aprende a escolher seus políticos, não como antes. Att: Lúcia MFL.

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  3. Jerônimo J. O. Pinheiro Filho15 de setembro de 2023 às 14:17

    Eu ainda era bem novo mas já sabia quem eram esses quatro só de ver pela televisão e já falava os nomes deles. Hoje os políticos só são conhecidos quando metem a mão e roubam com força aqui e ali, de norte a sul e de leste a oeste do Brasil e aparecem na televisão com malas e cuecas de dinheiro. Essa turma voltou e vão sair de malas cheias de novo. O povo gosta disso, o povo gosta de sofrer.Uma vergonha isso hoje. Adv dr. Wilson Campos o seu blog é super interessante e tenho até pedidos de amigos para enviar artigos pro senhor olhar e avaliar e se pode publicar com sua permissão. Somos todos Brasil. Abr. Jerônimo J.O. Pinheiro Filho.

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  4. Marceloe Joana P. D. Rodrigues15 de setembro de 2023 às 14:37

    Dia 24/02/1984, Praça da Rodoviária em BH, mais de 300 mil pessoas: Naquele dia, a pauta era o comício Diretas Já. No palanque montado na praça discursaram pessoas importantes que queriam a volta da democracia ao País, como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Franco Montoro, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Miguel Arraes, Eduardo Suplicy, Teotônio Vilela, José Serra e a (atriz) Bete Mendes, que era deputada na época", contou. "Era uma euforia, as pessoas cantavam, parecia um grande festival. No final cantaram Peixe Vivo, além do Hino Nacional, que foi cantado pela Fafá de Belém."
    Depois disso a coisa foi boa por uns tempos com os 4 mosqueteiros citados no artigo - Ulisses, Tancredo, Itamar e Teotônio, mas com o tempo a politicagem começou a corroer a sonhada democracia do voto direto. Hoje é isso que está aí. Dá medo. Dr. Wilson excelente artigo e parabéns. Marcelo e Joana Rodrigues.

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  5. João C. Inocêncio de O.15 de setembro de 2023 às 15:49

    Dr. Wilson advogado - se o povo não for ou voltar pras ruas o Brasil vai ser transformado em Cuba,Venezuela, Coreia do Norte, Nicarágua etc etc. Se o povo quer um Brasil só nosso precisa voltar pras ruas e exigir o que quer. Só assim vai funcionar. Nosso país é imenso e não pode ser dominado assim tão facilmente na mão boba. Não pode de jeito nenhum doutor. Meus parabéns pelo texto de brasileiro macho. João C. Inocêncio de O.

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  6. ... só Deus!
    Dr. Wilson, mais uma vez o senhor vem a público para abordar de maneira claríssima o imbróglio causado por esse (des)governo que aí está. As redes sociais têm mostrado diariamente as atitudes, sejam aqui dentro (nível nacional) sejam lá fora (nível internacional), as quais, de tão absurdas chegam a ser inacreditáveis, vergonhosas. O Congresso Nacional, conforme o senhor mesmo disse: ... “salvo raríssimas exceções”, continua inerte, alheio. Concordo que o povo brasileiro precisa mostrar a sua cara. Os valores de toda ordem, cada vez mais, sendo jogados na lata de lixo. Mas, como cristãos que somos, vou enfatizar a sua esperança: só Deus, e, com certeza, Ele irá socorrer o povo brasileiro, mas temos que fazer a nossa parte.
    Gilson F. Campos

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