TERRÍVEL E INSUPORTÁVEL ONDA DE CALOR.

 

O calor está tão intenso (38,6º, hoje), que BH atingiu a maior temperatura de sua história. Em São Romão (MG), houve o recorde nacional de calor, registrando a temperatura mais alta do país e uma das maiores do mundo. Foram 43º por volta das 15 horas de ontem (25), segundo o Inmet, dois graus a menos que o registrado no deserto do Saara, no Norte da África.  

Em razão de tudo isso eu resolvi republicar um artigo de 16/02/2023, que escrevi para jornal O TEMPO, que reflete momentos bem do agora, do calorão, de poucas árvores, da falta de sombras e da baixa umidade relativa do ar.

A supressão de árvores de grande porte e o encolhimento de áreas verdes em BH contribuem para o aumento da temperatura e a formação de “ilhas de calor” insuportáveis, que causam enorme mal-estar aos moradores da capital. O artigo trata desse assunto.

Vejamos o título e o teor do referido artigo:

CORTE DE ÁRVORES PROVOCA AUMENTO DO CALOR EM BH.

Quem se lembra de 2011, quando Belo Horizonte perdeu 11,3 mil árvores, número que superou os 10,7 mil cortes de 2010?

Naquela ocasião, as regiões mais atingidas foram Leste, Oeste e Pampulha, além das avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Cristiano Machado, incluindo a remoção de centenas de palmeiras-imperiais.

Vários anos depois, nenhuma lição foi aprendida, e o corte de árvores continua acelerado. Nos últimos dez anos foram suprimidos em média 6.000 espécimes por ano, valendo notar que só em 2022 ocorreram 5.922 cortes, segundo dados da Prefeitura de BH.  

Antes do golpe fatal da foice, do machado ou da motosserra, a prefeitura deveria ponderar que as árvores são, por natureza, cheias de predicados, sempre intercedendo pelo ciclo da água, agindo como bombas biológicas, sugando a água do solo e a depositando na atmosfera e a transformando de líquido em vapor.

As árvores são trabalhadoras silenciosas, que evitam inundações, apresam a água em vez de deixá-la entrar em casas e lojas e protegem as comunidades dos estragos das tempestades. Mas, ainda assim, os administradores públicos permitem que elas sejam exterminadas, sem defesa e sem contraditório.

A prefeitura precisa entender que, apesar de alguns de seus motivos terem como objetivo evitar acidentes, a supressão de árvores afeta diretamente o microclima da cidade, reduz as áreas de sombra, impacta o ar pela diminuição de oxigênio, agrava o teor de poluição e piora a qualidade de vida do cidadão.

Na capital que já foi conhecida como “Cidade Jardim”, são cada vez mais comuns a supressão de árvores de grande porte e o encolhimento de áreas verdes, contribuindo para o aumento da temperatura e a formação de “ilhas de calor” insuportáveis, que tiram o bem-estar dos moradores.

Resta evidente que as árvores devem merecer atenção dos órgãos ambientais, seja pela precaução ou prevenção de acidentes nas vias urbanas. No entanto, isso não é razão suficiente para a supressão em série praticada pela prefeitura, que faz intervenções nas nove regionais, com cortes difusos e podas generalizadas, sem a contrapartida do replantio.

Em que pese observar que algumas velhas árvores, previamente condenadas, precisam ser suprimidas, torna-se indispensável o replantio imediato e em número bem maior, como medida de mitigação. A compensação ambiental realizada até o momento é insuficiente para o grande volume de áreas desmatadas e árvores suprimidas.

De sorte que áreas verdes como a mata do Planalto e a mata do Jardim América são imprescindíveis para a cidade, cabendo ao município protegê-las, conservá-las e mantê-las intactas e preservadas. E, no caso de se tratar de propriedades particulares, faça-se a permuta ou a desapropriação com a devida e justa indenização aos proprietários.

Portanto, diante dos motivos expostos, o corte de árvores na capital precisa ser reduzido ao menor número possível, e o replantio deve ser multiplicado por dez, cem ou mil.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021). 

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023, pág. 19).

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Comentários

  1. Belíssimo artigo e bem providencial para o momento de calorão terrível porque cortar árvores e não replantar é crime e deveriam punir prefeitos que mandassem fazer isso. Cadê a sombra: Cadê a umidade do ar? Dr. Wilson Campos como sempre sai na frente na defesa de nossos interesses sociais coletivos. Parabéns doutor. Abrs. do Valter J. S. Lima.

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  2. A prefeitura está deixando acabar com as áreas verdes dos bairros como fez no bairro Santo Antonio onde destruíram tudo e agora derrubam casas e mais casas e plantam prédios de 15 andares um atrás do outro. A onda de calor vai só aumentando - é muito concreto e ferro - e nada de árvores e nada de verde na paisagem - só concreto e ferro e poeira e poluição. Pobre BH dr. Wilson. Pobre nossa BH doutor Wilson. Parabéns pelo belo artigo como sempre excelente. Abrs. de Joana D. Gama (prof. univers./ cidadã de BH).

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