A LISTA DE JANOT



A mim não causou surpresa alguma a bombástica lista de Janot (Rodrigo Janot, procurador-geral da República). As figurinhas carimbadas já estiveram em outros álbuns de perversão política, de desonra social, de vergonha alheia e de traição nacional.

A imprensa publicou vários nomes de investigados. Não vale a pena repeti-los aqui. São aqueles mesmos, sempre esperados no próximo pulo da vantagem pecuniária.

A lista de Janot, tão esperada e tão festejada, requer a abertura de inquéritos com base em depoimentos de delatores da Odebrecht, e deverá chegar na próxima semana às mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator das ações penais da operação Lava Jato na Corte.

Segundo a mídia, cada vez mais rápida pelas pernas da internet, a lista de Janot tem 107 nomes, alvos de investigação. No entanto, ao todo, a lista de Janot tem 320 solicitações ao STF, sendo 83 de abertura de inquéritos, 211 de transferência para tribunais de primeira instância (nos casos de pessoas que não gozam de favores do foro privilegiado), 7 arquivamentos e 19 referentes a outras providências não detalhadas. O teor ainda está sob segredo de Justiça, cabendo ao ministro Fachin decidir se retira ou não o sigilo processual.

Enquanto isso, o Congresso não trabalha, mas tão somente vive o caos da bandalheira nacional, com gabinetes vazios e parlamentares mudos, mas bem remunerados. Porém, há explicação: a crise não é apenas política e econômica; a crise é de caráter.

Os jornais estão a todo momento relembrando os nomes dos "fantasmas" que rondam e assombram os brasileiros. A cada dia a lista de Janot, ainda em sigilo, deixa escapar mais nomes, inclusive de Minas. Surpresa? Nenhuma!

Eu disse que não valia a pena repetir os nomes, mas eles estão por todos os lados - na internet, nos jornais, na televisão, nas revistas, nas rádios e até nos informativos. As notícias voam, os protestos ecoam, os políticos se escondem e o país sofre com as irresponsabilidades das autoridades que deveriam dar bons exemplos. Deveriam, mas não dão!

Mesmo sob sigilo, alguns nomes da lista de Janot já vazaram para a imprensa. Entre eles estão os de seis ministros do governo Michel Temer (PMDB). São eles: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), das Relações Exteriores; Bruno Araújo (PSDB), das Cidades; Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil; Gilberto Kassab (PSD), de Ciências, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Marcos Pereira (PRB), de Indústria, Comércio Exterior e Serviços; e Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Também estão na lista de Janot os nomes dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, bem como dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega, que integraram o primeiro escalão do governo federal durante os governos petistas. Como os quatro não possuem mais mandatos, perderam o foro privilegiado. Por esse motivo, não deverão ser julgados pelo STF, e sim por tribunais de primeira instância.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou abertura de inquérito contra dez governadores, entre eles Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Tião Viana (PT-AC), Beto Richa (PSDB-PR) e Renan Filho (PMDB-AL).

Entre os parlamentares, a lista de Janot inclui os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Jorge Viana (PT-AC), Marta Suplicy (PMDB-SP), Lídice da Mata (PSB-BA), Aécio Neves (PSDB-MG), Edison Lobão (PMDB-MA), José Serra (PSDB-SP), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), além dos deputados Marco Maia (PT-RS), Andrés Sanchez (PT-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Paes Landim (PTB-PI). São citados ainda os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

A operação Lava Jato completa 3 anos de investigações com centenas de acusados criminalmente. Resta ao Supremo e aos Tribunais reconhecerem esse trabalho e colocarem e manterem definitivamente na cadeia os condenados, nos exatos termos da lei, embora sabida frágil na aplicação das penas e insuficiente no rigor, diante de tamanhas roubalheira, corrupção, improbidade, descaminhos e falta de vergonha.  

Quisera eu não escrever sobre essa coisa toda, mas a enxurrada de notícias divulgadas diariamente me leva a compartilhar com a opinião pública. O Brasil precisa mudar. O nosso país precisa ser passado a limpo. E a hora é agora, com as contribuições da operação Lava Jato, do juiz Sérgio Moro, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Contudo, por respeito e obediência à Constituição da República, concedam-se aos investigados o direito à ampla defesa e ao contraditório, mas que o façam longe dos cargos públicos e sem quaisquer privilégios. 

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Wilson Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental). 



Comentários

  1. Dr. Wilson, concordo com o senhor. Eu também não fiquei surpreso, porque a turminha já é manjada há séculos. São sempre os mesmos, mais alguns puxados por estes. Uma vergonha, como dito. O Brasil merece gente melhor. Parabéns mais uma vez pelo excelente artigo. José Carlos F. J. , B.Horizonte.

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  2. Os nomes divulgados são de pessoas que não são comprometidas com o país. São aproveitadores do país, são enganadores do povo, são traidores do voto recebido. Que vergonha, que coisas mais feia, que papelão. Parabéns Dr. Wilson, por este Blog, por suas doutrinas, por seus textos e por sua defesa do cidadão, acima de tudo. Sinto orgulho de pessoas como o senhor. Amarildo J. G.F, Grande BH/Brasil.

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  3. Dito e feito. Os políticos vão minando as forças do Brasil. Só escândalo e péssimo modelo de gestão. Desse jeito, vamos para o fim do poço definitivamente, mas o povo pode mudar tudo isso, e basta querer. O setor empresarial deve estar com o povo e agir contra essa cafajestada. Parabéns doutor Wilson Campos por tudo que escreve, pois são verdades puras e simples.
    João Carlos M.S.V.P., Empresário mineiro.

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