SUSERANOS BRASILEIROS, ÍDOLOS DE BARRO.

 

               “Os suseranos, senhores da maioria dos cargos e do dinheiro público por apropriação indébita, ídolos de barro acometidos de soberba intocável e ganância ilimitada, algozes do contribuinte indefeso e se achando donos do Erário, disparam palavrórios impublicáveis quando lhes tocam a túnica empedernida de autoridade que nunca tiveram”.

 

Ao horror dos suseranos insolentes e teimosos na malversação da coisa pública se opõe o enfrentamento cívico de grande maioria da nação, que se reanima no combate dos apegados ao poder, num  rasgo de esperança, quando ressurge na sua independência o próprio povo, trazendo para si a responsabilidade de escolher entre a liberdade e a opressão, entre a censura e a livre manifestação. É o povo proporcionando ao povo o direito a uma biografia limpa e imputando aos criminosos as penas e multas pelos crimes cometidos.

Sócrates, o filósofo grego, precursor da ética e do diálogo, já afirmava às portas da democracia ateniense que o homem devia servir à pátria com suas atitudes e agir no interesse coletivo. Além disso, salientava que é dever do Estado formar cidadãos sábios e honestos. Já o seu aprendiz Platão assinalava a necessidade da atuação individual na busca do bem comum, indicando que nenhum governante deve procurar vantagens para si, mas para os governados. 

Muitos não aprenderam a lição. Tantos outros nem sequer leram ou escutaram de alguém as sábias palavras proferidas por tão ilustres mestres, defensores incansáveis da perfeição moral do homem.

Os vassalos do mal, aproveitadores contumazes, assistirão de cátedra ao desmoronamento dos seus ídolos de barro e ainda gritarão pelos cantos a sorte dos destronados. Pobres indivíduos desamparados, que prantearão incrédulos os seus protetores jogados na lama que eles mesmos chiqueiraram. No entanto, os vassalos do bem, homens e mulheres honrados, persistentes trabalhadores curtidos no sol do batente diário, respirarão mais aliviados, na crença do resgate moral dessa fase delinquente.

Os suseranos, senhores da maioria dos cargos e do dinheiro público por apropriação indébita, ídolos de barro acometidos de soberba intocável e ganância ilimitada, algozes do contribuinte indefeso e se achando donos do Erário, disparam palavrórios impublicáveis quando lhes tocam a túnica empedernida de autoridade que nunca tiveram.

E a julgar pelo andar da carruagem desgovernada, morro abaixo na avaliação do povo, resta por fim que ela devolva à lama os que dali nunca deveriam ter saído. Irresignados, cheios de ódio e intenção de vingança, no repetido diapasão dos “companheiros e apadrinhados” deserdados, agora atacam a sociedade, os moralistas, os transparentes, os conservadores, os patriotas, e blefam na espera de um perdão do povo. Ora, data venia, só faltava essa, pedir perdão ao povo que sempre foi alijado nos seus direitos constitucionais.

Dos suseranos condenados se espera, além do cumprimento de sentença, o pagamento das multas, a devolução do dinheiro e o banimento da vida pública. A Idade Média se foi há séculos, mas não parece, porque os suseranos ainda insistem nos vassalos e nos servos aos seus pés, de joelhos, submissos e prontos à entrega da continuidade feudal.

Enquanto os estados e municípios passam o pires, fincados na máxima de um pacto federativo desigual, os privilegiados da cúpula amiga do poder se refestelam nos gastos corporativos intermináveis.

O julgamento dos culpados não é o bastante para saciar a sede de liberdade, igualdade e ética dos brasileiros, nem para satisfazer a sociedade em sua luta contra a impunidade. A missão de moralização precisa continuar, todos os dias, e o povo precisa estar atento às suas garantias asseguradas na Constituição da República. 

Assim como à democracia não se permite abrigar justiceiros acima da lei, exige-se do Judiciário abandonar a digressão e retomar a pauta principal, consignando autoridade apenas aos íntegros e capazes de decisões sóbrias e equilibradas, sobretudo com discernimento suficiente para conceder devidamente, a quem quer que seja, o contraditório e a ampla defesa. 

Mas não se iludam. Há muito por fazer. Os suseranos, ídolos de barro, relutarão em abandonar a majestade e imporão obstáculos. A rigor, a superação de obstáculos não é para os fracos, mas para os valentes que sabem resistir, porquanto esse papel não seja de uns, mas de todos, indispensavelmente.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Os suseranos brasileiros chegaram cheios de ódio e com espírito de vingança contra os conservadores, a direita e todos do bem. O lado ruim aqui e no mundo sempre foi e será a esquerda e basta pesquisar e ver como a esquerda está cheia de ídolos de barro, que se enriquecem a custa do povo e nada fazem pelo povo. Traidores do povo - suseranos, idolos de barro - todos iguais e com a mesma vontade de poder e mais poder cada vez mais. Pobre do nosso Brasil se não se livrar dessa gente. Mas vamos vencer essa luta e essa gentalha comunista vai ser varrida ou mudar a forma de pensar ou mudar para Cuba, Venezuela, China, Coreia do Norte. Será que lá serão bem-vindos? Duvido. Obrigado dr. Wilson pelo artigo sempre repleto de verdades e patriotismo. Clair B. Hirato.

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  2. José Carlos M.J. Oliveira17 de novembro de 2023 às 16:58

    Eu sempre leio seus artigos doutor Wilson e neste eu destaco a parte que mais me identifica - ... Assim como à democracia não se permite abrigar justiceiros acima da lei, exige-se do Judiciário abandonar a digressão e retomar a pauta principal, consignando autoridade apenas aos íntegros e capazes de decisões sóbrias e equilibradas, sobretudo com discernimento suficiente para conceder devidamente, a quem quer que seja, o contraditório e a ampla defesa... - É isso. Gratidão doutor. José Carlos M.J. Oliveira.

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