ACORDO PRELIMINAR DA VALE.



Mesmo com tantas mortes, mais de 300 até agora, considerando mortos identificados e pessoas desaparecidas, a mineradora Vale não sai do seu pedestal e semeia indignação na sociedade mineira. Os valores negociados são insignificantes diante de tanta dor e sofrimento. Vejamos o que prevaleceu na audiência realizada:

A Vale irá arcar, por um ano, com um salário mínimo mensal para cada adulto atingido (1 km de distância do rio) pelo rompimento da barragem da empresa em Brumadinho. É o que foi definido em acordo preliminar durante audiência de conciliação realizada entre instituições do sistema de Justiça e a mineradora, na 6ª vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias de BH.

Nessa quarta-feira, 20, em audiência de conciliação realizada na 6ª vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias de Belo Horizonte/MG, foi firmado um acordo preliminar entre a mineradora Vale e representantes do MP/MG e do MPF, da Procuradoria da República, da União, das Defensorias Públicas Estadual e Federal e da Advocacia-Geral do Estado de MG.

O acordo inicial tem o intuito de reparar danos causados pelo rompimento da barragem da mina do córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro e que deixou, até o momento, 171 mortos e 139 desaparecidos.

De acordo com o termo preliminar, a Vale irá arcar imediatamente, pelo período de um ano, com um salário mínimo mensal para cada adulto atingido pela ruptura da barragem. A empresa também irá arcar, pelo mesmo período, com meio salário mínimo mensal para cada adolescente e um quarto do salário mínimo mensal para cada criança atingidos pelo rompimento, a fim de cobrir necessidades essenciais dos moradores.

Segundo o acordo inicial, deverá ser feita a contratação de instituição, mediante publicação de termo de referência e edital pelo MP e defensorias públicas, para a realização de uma assessoria técnica independente que calculará os prejuízos e contribuirá com o auxílio jurídico aos atingidos. Os custos dessa contratação deverão ser arcados pela mineradora.

Outro ponto acordado pelas partes é que a Vale irá ressarcir, mediante comprovação, todos os gastos que o Estado teve após o rompimento da barragem da Mina do Feijão.

Os auxílios emergenciais custeados pela mineradora serão concedidos a todos os moradores de Brumadinho e aos atingidos até um quilômetro do rio Paraopeba, até a cidade de Pompéu/MG.

A audiência dessa quarta-feira, 20, foi conduzida pelo juiz de Direito Elton Pupo Nogueira. O termo firmado, segundo o TJ/MG, ainda pode ser revisado.

Uma nova audiência de conciliação está marcada para o dia 7 de março, às 14h, na qual serão discutidos outros critérios, dentro das obrigações emergenciais propostas no Termo de Ajuste Preliminar – TAP.

Em outras audiências realizadas desde a tragédia, já foi autorizado o levantamento de R$ 13.447.891,50, para ressarcimento das despesas que o Estado de MG teve com gastos dos serviços emergenciais. Esse valor foi retirado do montante de R$ 1 bilhão bloqueado da empresa em processo com pedido de tutela antecipada na Justiça.

Nesse mesmo sentido é a nota do site do TJMG:

“Terminou em acordo preliminar a audiência de conciliação entre instituições do sistema de Justiça e a mineradora Vale S.A. realizada nesta quarta-feira, 20 de fevereiro, na 6ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias, em Belo Horizonte. A intenção é reparar os danos causados pelo rompimento de barragens da Mina do Feijão, em Brumadinho, em janeiro deste ano. Ficaram definidos auxílios emergenciais para ressarcimento de prejuízos de todos os moradores de Brumadinho e dos atingidos até um quilômetro do leito do Rio Paraopeba até a cidade de Pompéu, na represa de Retiro Baixo. A Vale vai arcar imediatamente, pelo período de um ano, com um salário mínimo mensal para cada atingido adulto, meio salário para cada adolescente e 1/4 do salário mínimo para cada criança. A intenção é cobrir as necessidades essenciais dos moradores, a contar da data do rompimento da barragem. Ficou definida ainda a contratação de uma assessoria técnica independente para calcular os prejuízos e também contribuir no auxílio jurídico aos atingidos. Para fazer esse trabalho será escolhida uma instituição, mediante publicação de um termo de referência e edital pelos Ministérios Públicos e Defensorias. Os custos da contratação dessa assessoria técnica deverão ser pagos pela mineradora. Outro ponto acordado pelas partes é que a Vale S.A. vai ressarcir, mediante comprovação, todos os gastos que o Estado teve após o rompimento da barragem da Mina do Feijão. A audiência foi presidida pelo juiz Elton Pupo Nogueira. Os representantes do Ministério Público Estadual e Federal, da Procuradoria da República, da União, da Defensoria Pública Federal e Estadual, da Advocacia-Geral do Estado e da Vale definiram que esse acordo pode ser revisado. Inicialmente, marcaram para 7 de março, às 14h, a próxima audiência de conciliação na 6ª Vara da Fazenda Estadual. Ainda serão discutidos outros critérios, dentro das obrigações emergenciais propostas no termo de ajuste preliminar (TAP). Em audiências realizadas desde a tragédia, já foi autorizado o levantamento de R$ 13.447.891,50, para ressarcimento das despesas que o Estado de Minas Gerais teve com os serviços emergenciais. Esse valor foi retirado do montante de R$ 1 bilhão bloqueado da empresa no processo com pedido de tutela antecipada na Justiça”. (Processo nº 5010709-36.2019.8.13.0024). Informações: TJMG.

Diante do valor “expressivo”, que chega a causar surpresa, tamanha a sua insignificância, melhor deixar com as famílias a busca pelos seus direitos, e que a judicialização seja entendida como uma punição à mineradora Vale e não como uma forma de pagamento aos prejudicados, porque os danos morais e materiais causados jamais poderão ser pagos. A vida não tem preço. O meio ambiente não tem preço. Não há dinheiro que pague os danos e os horrores causados.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).  


Comentários

  1. Quem viu de perto o problema e sabe a realidade da tragédia, a implicação na vida das famílias que perderam tudo e até a dignidade, sabe muito bem que esses valores que a Vale está para pagar significam NADA. A Vale é mercenária e desumana, acima de tudo. A Vale age assim porque os governos estadual e federal são covardes e submissos, sem coragem e sem força moral. A Vale paga essa mixaria porque o Judiciário é conivente e não aplica sentenças com valores altos para compensar, ao menos compensar, os prejuízos materiais, porque as vidas não podem ser pagas, as vidas não têm preço, o sofrimento e a dor dos familiares não têm preço. Que país é esse? Que governo covarde é esse? Que políticos são esses? VERGONHA!!! Meus sinceros e agradecidos votos ao Dr. Wilson Campos, sempre atuante na defesa da coletividade, da cidadania, dos direitos difusos e coletivos, há muitos anos, e eu tenho visto e acompanhado seu brilhante trabalho na OAB de MG. Maria Tereza V.G.L. - colaboradora ambientalista e professora universit.

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