CARNAVAL PREMATURO.
"Folia já começa, problemas
também".
A prefeitura da capital já sinalizou que o Carnaval deste ano começa neste sábado, dia 16, e vai até o dia 10 de março. Ao todo, serão 23 dias de folia para um público de aproximadamente 5 milhões de pessoas, que provavelmente tentarão se divertir ao som de músicas e batucadas de 515 blocos de rua. Mas esse Carnaval prematuro, com início tão antecipado, promete animação para uns e consternação para outros.
Os
problemas da população belo-horizontina começarão bem mais cedo e muito antes do
previsto. Por mais que a administração municipal afirme que está aprimorando
seu trabalho, na tentativa grandiosa de realizar um dos melhores Carnavais do
país, a lição que sempre fica é a de que os órgãos gestores deixam muito a
desejar na qualidade do serviço prestado. Ou seja, o volume de reclamações
generalizadas dos moradores supera a competência garantidora prometida.
A
amarga experiência de quem teve a porta da sua casa transformada em banheiro
público é sintoma claro e evidente de incivilidade e de falta de educação e
representa um atentado ao pudor. Para além disso, não pode mais ocorrer o grave
fechamento de ruas e avenidas, sem prioridade para carros que estejam socorrendo
alguma pessoa acidentada, ferida, enferma ou acometida de um mal repentino, que
requeira atendimento médico urgente. Em razão disso, a BHTrans e a Guarda
Municipal precisam estar atentas e de prontidão, diuturnamente, acompanhadas de
perto pela Polícia Militar, de forma que a população não seja ainda mais
sacrificada, além do que já está sendo, diante de um princípio de ano tão
doloroso e trágico, desenhado pelo cenário desumano da tragédia de Brumadinho.
Os
setores da mobilidade, da segurança, do transporte, da saúde e da limpeza
também são indispensáveis nesses extensos 23 dias de festa momesca; são o cartão de
visita da cidade que se pretende a melhor do Carnaval. Mas, para tanto,
fazem-se necessários o respeito ao livre direito de ir e vir; a tranquilidade e a paz nas
ruas e nos desfiles de blocos; a garantia de locomoção e de trânsito dos
turistas e naturais para os locais da festa; os serviços de ambulâncias com médicos e
enfermeiros nos ambientes de maior concentração de pessoas; e a certeza de que
os resíduos e os restos da comemoração serão recolhidos e as vias limpas para o
dia seguinte. Menos do que isso, não se trata de organização, mas de
improvisação e falácia.
Apesar
dos fortes sinais de tristeza e dor, causados pelos recentes e lamentáveis
episódios que todos conhecem, que continuam enlutando os corações mineiros, os
admiradores do Carnaval podem, sim, viver esse momento de festa, mas com responsabilidade,
e sabendo respeitar aqueles que não gostam da grande festa de Momo. Afinal,
enquanto uns preferem o som dos tambores, dos repiques e das baterias, outros
optam pelo recolhimento, pelo sossego, pela leitura, pelo lazer em família ou
até mesmo pelo conforto dos lençóis e travesseiros.
Wilson
Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista, Cível e
Ambiental).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019, pág. 19).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019, pág. 19).
Eu li o artigo no jornal e agora no blog que acompanho. Parabéns Dr. Wilson Campos, pela maneira sutil de dar o alerta para a higiene e a segurança necessária para a população de maneira geral. Artigo que merece aplausos, como sempre, todos os seus artigos. Agradecemos, nós moradores da nossa querida BH, tão entregue a própria sorte, porque o poder público deixa a desejar, como bem dito. Carnaval pode, mas com responsabilidade e respeito a todos. Agora, 23 dias de carnaval é um exagero. Querem transformar BH-MG numa Salvador-Bahia? Espero que não, jamais, com todo respeito aos adoradores do carnaval. Assino. Rafael Bastos, 100% belo-horizontino.
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