COMO A ÁGUA E O VINHO.
"Aconteceu no dia 1º de fevereiro".
O primeiro dia de fevereiro deste ano não poderia ter sido mais antagônico. De um lado, a tristeza da tragédia de Brumadinho, com 115 mortos e 248 desaparecidos, e de outro, em Brasília, indiferentes à dor das famílias e à catástrofe que atingiu Minas Gerais, os senadores da República se digladiavam no plenário, com xingamentos e ameaças de agressões, em sessão que deveria eleger o novo presidente do Senado.
O primeiro dia de fevereiro deste ano não poderia ter sido mais antagônico. De um lado, a tristeza da tragédia de Brumadinho, com 115 mortos e 248 desaparecidos, e de outro, em Brasília, indiferentes à dor das famílias e à catástrofe que atingiu Minas Gerais, os senadores da República se digladiavam no plenário, com xingamentos e ameaças de agressões, em sessão que deveria eleger o novo presidente do Senado.
A
atitude dos senadores não condiz com o recato, o respeito e a civilidade
necessários ao decoro parlamentar. E não bastasse o bate-boca dos políticos no
primeiro dia de trabalho, restou para o país a mensagem de que os anos passam,
mas a politicagem não muda. Os interesses pessoais se sobrepõem aos interesses
da sociedade. Enquanto os senadores trocam acusações e proferem bravatas, os
cidadãos de bem se retorcem de dor pela perda de amigos e parentes e mergulham
na desolação de ver a destruição ambiental e a criminosa contaminação dos rios.
Em
Brumadinho resiste uma população verdadeiramente brasileira. Em Brasília a
resistência é pelo poder, mesmo que efêmero à luz da compreensão da sociedade,
mas guerreado pelos algozes da República, que pouco ou nada se importam com o
sofrimento das pessoas, desde que estejam no lugar que desejam e dali possam
despejar o seu verbo político, posto que os anos passam e nada muda no
comportamento parlamentar.
As
pessoas de Brumadinho e os senadores de Brasília são como a água e o vinho,
completamente diferentes. Em Brumadinho existem milhares de trabalhadores
honrados, honestos e excelentemente humanos. Em Brasília existe um Senado com
cenário burlesco, onde os ocupantes já se encontram desgastados perante a
opinião pública, até mesmo porque as últimas eleições já revelaram que o Brasil
não pode mais suportar espetáculos vergonhosos como os ocorridos no Senado
Federal.
A
imprensa repercutiu a tragédia de Brumadinho causada pelo rompimento da
barragem da mineradora Vale, que provocou, provoca e provocará por muito tempo
dor, choro e lágrimas da população. A imprensa também repercutiu a decadência
do Senado, que começou muito mal o ano legislativo, embora com 80% de
renovação, mas não suficiente para impedir o papelão do primeiro dia de
trabalho dos senadores.
Diferentes
como a água e o vinho – uns trabalham duro para sobreviver e outros brigam em
vez de trabalhar. Os mineiros e principalmente os moradores de Brumadinho dão
um belo exemplo de coragem, solidariedade e humanidade no enfrentamento da
tragédia e do mar de lama que devasta a região. Os senadores e principalmente
aqueles mais conhecidos dão maus exemplos, mostrando em capítulos o que espera
os novatos do sistema bicameral, que enfrentarão a arrogância, o desrespeito e
o desserviço à democracia, haja vista ser da índole dos veteranos o poder pelo
poder, mesmo que para isso tenham que trocar insultos e ameaças no plenário do
Senado Federal.
Wilson
Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista, Cível e
Ambiental).
Trabalhamos para pagar impostos e os políticos, principalmente esses senadores, não trabalham com seriedade e ainda querem mais poder para corromper e desgovernar um país que já está com problemas acima da conta. Em Brumadinho o povo chora e no Senado os políticos brigam.Pouca vergonha. Afinal quem precisa destes senadores? Para que servem? Achei excelente o texto do Dr. Wilson Campos advogado e concordo com o que está escrito totalmente. Prof. Márcio J.
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