7 DE SETEMBRO DE 2024 SOB DUAS VERSÕES.

 

As duas versões às quais me refiro são as seguintes: a primeira, com participação do povo nas ruas de Belo Horizonte (Praça da Liberdade) e de São Paulo (Avenida Paulista); e a segunda, com participação do presidente Lula, alguns convidados da elite do governo e poucos espectadores na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

O Dia da Independência do Brasil, comemorado nesse 7 de setembro de 2024, em Belo Horizonte, levou alguns milhares de cidadãos vestidos de verde e amarelo à Praça da Liberdade. O sucesso do evento ficou por conta dos participantes, unidos e conscientes do direito de pedir democracia, liberdade de expressão, devido processo legal, fim da mordaça e afastamento do presidente do Senado Rodrigo Pacheco e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Em BH, a reunião de alguns milhares de cidadãos foi pacífica, ordeira e de absoluta tranquilidade. As famílias estavam ali de livre e espontânea vontade (filhos, pais, mães, avós, crianças e jovens). O Hino Nacional cantado por todos foi de arrepiar, uma vez que a seriedade e o respeito foram unânimes da parte de todos os presentes. A manifestação durou de 9 às 14 horas, aproximadamente. A satisfação de dever cumprido estava estampada nos rostos dos belo-horizontinos. Foi um sucesso, no entendimento da maioria.

O Dia da Independência do Brasil, comemorado nesse 7 de setembro de 2024, em São Paulo, levou dezenas de milhares de patriotas à Avenida Paulista, que encheram quarteirões com uma pauta bem específica pedindo o impeachment de Alexandre de Moraes, ministro do STF, e o afastamento de Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso. A anistia aos presos políticos (manifestantes do 8 de janeiro de 2023)  também foi exigida. As demandas eram muitas e todas relativas aos desmandos dos dois senhores citados.

A imprensa divulgou que no discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro ele se referiu a Moraes como ditador, e colocou pressão no Senado, que é onde resta a alternativa dentro das quatro linhas para o resgate da normalidade institucional. Ou seja, cabe ao presidente do Congresso pautar o pedido de impeachment de Moraes e cabe aos senadores votarem a “demissão” do ministro.

Organizado por Silas Malafaia (pastor protestante), o ato na Avenida Paulista teve duros discursos de parlamentares da oposição e do próprio Malafaia, além da fala do ex-presidente Jair Bolsonaro. Todos contra as condutas do ministro do Supremo, como por exemplo, o embate com o empresário Elon Musk, que resultou no banimento do X no Brasil.

Também sofreram críticas fortes as conversas vazadas entre Moraes e seus assessores, que mostravam o uso do aparato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em trâmites fora do rito, por meio dos quais o ministro determinava a produção de relatórios para embasar decisões de bloqueio de perfis de pessoas da direita. Fatos e gravações divulgados na imprensa nacional e repercutidos nas redes sociais.

Silas Malafaia também pediu a prisão de Moraes, um desejo manifestado por milhões de brasileiros cientes dos crimes por ele cometidos. Nos discursos, inúmeros parlamentares liberais e conservadores elevaram o tom e cobraram a volta da democracia, até então interrompida por parte de certos membros de certo consórcio que está no poder. Nos discursos as alegações eram claras no sentido de que existem sérios riscos de que Moraes faça como o ditador comunista Nicolás Maduro, que acabou com a democracia na Venezuela, perseguiu os opositores e intimidou o povo.

A multidão que esteve presente na Avenida Paulista mostrou ao Brasil e ao mundo que os brasileiros não estão satisfeitos com o que acontece no país. A demonstração de revolta foi sentida também na Praça da Liberdade, em BH, posto que os clamores e as reivindicações sempre são no sentido de que a Constituição deve ser seguida à risca e respeitada, e que as autoridades dos Três Poderes devem se comportar dentro dos limites das suas respectivas funções institucionais. Ou seja, cada um no seu quadrado, sob pena de os infratores e violares sofrerem as punições previstas na Carta Magna.

Já em Brasília, a tal comemoração oficial se resumiu a algumas poucas pessoas em um ambiente frio e de total desalento. O evento, que outrora reunia milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios, desta vez e como sempre no governo Lula, estava entregue às moscas, com muito espaço vazio e uma sensação de fracasso no ar.

O desfile de Lula foi patético. Em cima do Rolls Royce conversível, sua imagem simbolizava um petista rico e oportunista, que vive à custa do povo brasileiro e graças a uma vida inteira na política regada a muita corrupção, como muitos dos presentes ao ato atestaram em algum momento recente deste país. Os afagos trocados entre os presentes na fracassada reunião mostraram o tamanho da desfaçatez de todos - antes críticos e inimigos políticos, e hoje bajuladores e amigos de confraternização em desfile sem povo e sem democracia plena.  

Em Brasília, viu-se tão somente uma pseudodemocracia. Um Dia da Independência frio e desmotivado, sem povo e sem o mínimo espírito cívico. O ato foi escancaradamente desagradável e Lula passou vexame, mais uma vez, diante dos seus convidados da elite e de ínfima plateia popular. O povo não é bobo. Foi uma situação de dar pena, que denota a insignificância do governo e das autoridades ali presentes. Aliás, a estatura moral das autoridades presentes ao desfile fracassado de Brasília é nenhuma, aos olhos do povo brasileiro e aos olhos do mundo. 

A verdade que não quer calar é a de que se constatou um enorme contraste entre a manifestação da Avenida Paulista e o desfile em Brasília, que rodou o Brasil e o mundo. Centenas de jornalistas, comentaristas, influenciadores e parlamentares destacaram a diferença abissal entre os atos oficiais de Brasília sem participação do povo, e a festa da democracia em BH e em SP, com milhares de pessoas vestidas com as cores da pátria, exigindo respeito às leis e à Constituição e cobrando o fim da censura e da mordaça, e a volta integral e urgente da segurança jurídica, do devido processo legal e da liberdade de expressão.

Mas Lula e seus seletos convidados da elite não se constrangeram com o fracasso e o vexame do ato oficial. Vejam que o petista Lula e vários ministros de Estado e do STF, após o desfile militar de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, dirigiram-se para uma farra em um almoço com direito a churrasco e drinques caros no Palácio do Alvorada.

Dizem que o almoço foi momento de risos e piadas em relação aos atos cívicos da Avenida Paulista. Segundo o jornal Estadão, Alexandre de Moraes não parecia nem um pouco preocupado com o protesto que acontecia naquele mesmo momento na capital paulista, pois, ao contrário, a manifestação virou motivo de piada no churrasco, que tinha costela e feijão tropeiro no cardápio. Ou seja, enquanto o povo ainda estava aos milhares nas ruas pedindo liberdade e democracia, eles se esbaldavam em pratos e taças de comidas e bebidas caras, aos risos e chacotas, sem exceção.

No almoço estavam várias autoridades dos Três Poderes, com exceção da primeira-dama, Janja, que viajou ao Catar para um evento sobre Educação, que provavelmente custará caro aos cofres públicos e não trará nenhum benefício para o povo ou para o país. Mas para azedar o ambiente do almoço surgiu um assunto polêmico para a esquerda e os petistas. Lula teve que conciliar seu churrasco com as recentes acusações envolvendo o ex-ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, cujas denúncias de assédio sexual ainda estão sendo digeridas pelo governo e provavelmente apuradas pela polícia.

Enfim, encerrando, a verdade que não quer calar é a de que se constatou um enorme contraste entre a manifestação da multidão da Avenida Paulista (nota 10) e o desfile sem povo em Brasília (nota zero).

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Paulo Afonso G.F. Souza9 de setembro de 2024 às 18:10

    VERDADE !!! NOTA 10 PARA O POVO NAS RUAS E NOTA ZERO PARA O GOVERNO LULA E SEU DESFILE EM BRASÍLIA. O POVO NÃO É BOBO. PARABÉNS DR. WILSON CAMPOS PELO PATRIOTISMO. AT: PAULO AFONSO G.F. SOUZA.

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  2. Solange M.F. Ambrósio10 de setembro de 2024 às 10:12

    Eu estive na praça da Liberdade com minha família e achei linda a manifestação e os discursos pedindo liberdade de expressão e prisão de ministro do STF. O povo estava muito consciente do que estava fazendo ali e todos estavam ordeiros e respeitosos mas exigindo uma providencia contra os abusos e a ditadura da toga e a covardia do presidente do congresso brasileiro. Dr. Wilson Campos nós vamos vencer essa luta e o Brasil vai ganhar mais respeito aqui e no mundo todo. Deus está do nosso lado. Solange M.F. Ambrósio.

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  3. Uma vergonha enorme é ver nossa imprensa covarde não prestigiar as manifestações dos brasileiros nas praças e nas avenidas contra a ditadura da toga e a covardia do Pacheco. A Globo lixo, a CNN esquerdista, as demais tevês medrosas e omissas - band, record, sbt, rede tv, jovem pan - todas negando apoio ao povo e morrendo de medinho de ser punidas. Bando de covardes essas tevês brasileiros e os jornais e as rádios também - todos covardes e medrosos e traidores do povo. Dr. Wilson Campos parabéns pelo seus artigos patriotas e 100% justos. Abr. - Kleber Gonçalves.

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