A VOLTA DE JOSÉ DIRCEU AO CONGRESSO É UM ESCÁRNIO.

 

O ex-deputado José Dirceu retornou ao Congresso quase 20 anos após ser cassado. Ele esteve no Senado, no dia 2 de abril, numa sessão solene convocada pelo senador esquerdista, Randolfe Rodrigues (AP), “em homenagem à democracia”.

Parece brincadeira de mau gosto, mas isso aconteceu. José Dirceu está de volta à cena política, numa tentativa do Partido dos Trabalhadores (PT) de reabilitar a imagem de um de seus fundadores e dissociar a legenda do histórico de corrupção que marcou os mandatos anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva.

José Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema do Mensalão, de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político, que levou diversos membros da legenda a condenações e prisões durante a Operação Lava Jato. O ex-deputado ficou preso por um ano e nove meses por corrupção e lavagem de dinheiro.

Resumo rápido: “em 2012, o STF condenou José Dirceu a dez anos e dez meses de reclusão por formação de quadrilha e corrupção ativa pelo mensalão. Em agosto de 2015, ele foi preso preventivamente pela Operação Lava Jato. No ano seguinte, o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro condenou o ex-deputado a 23 anos e três meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele foi solto em novembro de 2019, após decisão da 1ª Vara de Execuções Penais de Curitiba. Outra decisão favorável a Dirceu ocorreu em fevereiro do ano passado, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a pena de Dirceu no Petrolão para quatro anos e sete meses em regime aberto. Em 2016, Dirceu foi beneficiado por decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, que anulou a condenação do petista pelo escândalo do Mensalão”.

A ideia de levar José Dirceu ao Congresso partiu do senador Randolfe Rodrigues, o mesmo que criticou o PT na época do julgamento do Mensalão pelo STF e afirmou que o esquema de corrupção foi uma das principais razões do rompimento do seu então partido, o PSOL, com o PT. “O ocorrido é lamentável para a política”, disse ele naquela época.

O pior de tudo e que não fez nenhum dos presentes corar de vergonha é que o convite foi para falar de democracia. Na sessão “em homenagem à democracia”, Randolfe foi um dos que festejou a presença de Dirceu no Parlamento. “Com enorme honra, eu destaco e agradeço a presença, nesta mesa, deste companheiro, que agradeço a Deus a possibilidade de, na minha formação política, ter sido um dos formadores dos melhores momentos do Partido dos Trabalhadores”, afirmou o senador, sem o menor constrangimento.

Tudo bem que José Dirceu tem uma bagagem política considerável, mas em nenhum momento ele pode se arvorar no direito de discursar sobre democracia. A reunião de amigos e companheiros em uma festa de aniversário em Brasília, com direito a tapinhas nas costas, até vá lá, mas no Congresso, e ainda por cima para tratar dos rumos da democracia no país, isso é demais e fora de qualquer propósito.

Sem muita surpresa, estavam presentes ao “evento” políticos da extrema esquerda, entre outros amigos de longa data, segundo disseram. Mas o registro que se faz é de que se tratou, na realidade, de um dos episódios mais lamentáveis da política em 2024, que tentou enterrar ainda mais fundo a Lava Jato e deu visibilidade aos que lutam por ficar impunes diante dos crimes cometidos contra o povo e o país.

A desfaçatez do anfitrião Randolfe Rodrigues foi tamanha, que ele conseguiu proporcionar um espetáculo dantesco, principalmente quando seu convidado José Dirceu fez discurso contra o regime militar e, propositadamente, riu da cara de assombro da sociedade brasileira. O escárnio foi grande e a repercussão foi absolutamente negativa para o Congresso, para a democracia e para o Estado democrático de direito.

Se a intenção primária de Randolfe era a de reabilitar a imagem de José Dirceu, por certo ele se deu mal, uma vez que o povo de bem não esquece tão facilmente aqueles que cometeram crimes graves, foram condenados, e ainda assim querem voltar à política como se nada tivesse acontecido. Mas, assim como seus outros “companheiros” conseguiram, ele também pode pagar para ver e esperar, haja vista os momentos sombrios que vive atualmente o Brasil.

Apesar de todos os percalços, a opinião pública está mais atenta aos fatos, especialmente em razão das redes sociais, e os condenados na Operação Lava Jato não serão perdoados nem hoje nem nunca. O povo não vai inocentar os culpados, embora esse perdão possa vir do Judiciário, que tem proferido decisões no mínimo estranhas e arredias às exigências do devido processo legal, salvo exceções comprovadas.

A volta de José Dirceu ao Congresso é um escárnio. Além disso, torna-se inaceitável que o PT queira lançá-lo a um cargo de deputado federal depois de tudo que ele arquitetou, manobrou e fez dentro do Mensalão. Mas o PT é capaz de tudo em nome dos seus “companheiros”, inclusive, tentar trazer de volta todos os envolvidos em maracutaias no Mensalão e no Petrolão. Quanto a essa possibilidade, basta ver os casos de Lula, José Genoíno, Delúbio Soares, entre outros que foram condenados e afastados da vida pública e estão rondando de novo o poder, ora retomado pela esquerda.

Segundo o jornal Gazeta do Povo (o melhor jornal do Brasil), o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, criticou a presença e o discurso do ex-ministro e ex-deputado José Dirceu no Congresso durante a sessão solene em memória dos 60 anos do início da “Ditadura no Brasil”. O petista aliado de Lula voltou ao Legislativo quase 20 anos depois de ter tido o mandato cassado e, posteriormente, ser preso por envolvimento no esquema do Mensalão. O senador Marinho classificou o convite a Dirceu para ir ao Congresso como um “deboche à nação” por conta do passado político dele, a quem chamou de “condenado por corrupção”.

“É inaceitável o palanque ao chefe do Mensalão, um condenado por corrupção, alguém que fala abertamente sobre a desmedida ambição por poder de um partido que não tem projeto de país e despreza a democracia. O que o PT defende é a ditadura do proletariado, o aparelhamento da máquina pública e as mesmas políticas irresponsáveis que provocaram a maior crise econômica da nossa história”, afirmou Marinho.

Também segundo o jornal Gazeta do Povo, o deputado federal Zucco (PL-RS) expressou sua indignação a cerca da participação do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula e ex-deputado federal, cassado, José Dirceu, em evento no plenário do Senado Federal. “O sujeito faz curso de guerrilha em Cuba, tenta implantar o socialismo no Brasil via luta armada, comanda o Mensalão e, agora, volta ao Congresso 19 anos depois para exaltar a democracia. Só a democracia para permitir uma barbaridade dessas”, disse o deputado.

A meu sentir, depois de tudo que foi acima exposto, o ex-deputado José Dirceu tem substancial conhecimento político, mas daí falar de democracia no mundo e criticar a direita daqui e lá de fora vai uma distância muito grande. De certo que a luta democrática continua, mas não com a ajuda da esquerda intolerante, que só pensa em poder, vingança, censura, perseguição e aparelhamento do Estado. Ou seja, a esquerda de Dirceu não tem nenhum compromisso com a liberdade e muito menos com a democracia.  

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Qualquer um do PT ou da esquerda não merece confiança nenhuma. Essa gente já mostrou que não vale um centavo furado. Dr. Wilson parabéns pelo seu blog excelente e pelos artigos cem por cento coerentes e éticos e cheios de patriotismo pelo Brasil,nosso Brasil. Abr. Dado Magela.

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  2. Maria Flor A.S. Gomes8 de abril de 2024 às 17:15

    Todos os envolvidos no mensalão e no petrolão deveriam ter bens bloqueados pela justiça, mas parece qua a justiça é esquerdopata radical e nada faz contra esse povinho corrupto. Amei o artigo e todos os demais dr. Wilson. Att: Maria Flor A.S. Gomes.

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