O DECLÍNIO CONTÍNUO DA REPÚBLICA DAS BANANAS.

 

Peço venia para dar vazão à minha indignação com o que acontece no Brasil, que hoje não passa de uma república de bananas.

O termo “República das Bananas” é uma interpretação literal do estado de desilusão e indignação política e social de um povo, que se vê diante de acontecimentos ilógicos e surreais e que é colocado em um estado de suspensão da realidade.

A República está ajoelhada e sob o jugo de um governante demagogo e oportunista. Não é uma República de cidadãos, mas uma república de muitas e muitos bananas, que se mantêm cegos, omissos, acocorados e inertes, beirando à covardia suprema. A república citada, por enquanto fictícia, já abriga violadores de costumes e controladores de liberdades individuais.  

A depressão dos verdadeiros brasileiros é pressentida em todos os cantos do país. Qualquer cidadão honesto sente profunda tristeza de passar pelo que passa e ainda ter de assistir cenas de bandidos retornando ao poder. A república de bananas se acomoda, olha a paisagem, leva cacetadas, apanha de montão e ainda assim flerta com a possibilidade de o vilão se tornar o mocinho. Quanta inocência e quanta ignorância!

Na República das Bananas, os ditadores se multiplicam, perseguem e ameaçam. Primeiro, retiram-lhe a liberdade de expressão. Depois, avançam sobre suas garantias democráticas. A seguir, silenciam também aqueles que, por direito constitucional, poderiam se pronunciar por “opiniões, palavras e votos”, no uso da prerrogativa da imunidade parlamentar. Ou seja, os ditadores violam e cassam direitos fundamentais, individuais e coletivos, e tudo graças à covardia dos representantes do povo, que se resguardam nos seus cargos imerecidos de presidentes da Câmara e do Senado.

As manchetes dos jornais refletem não apenas esse autoritarismo e não um dia de normalidade e equilíbrio, mas dias e meses de declínio cada vez maior na república de bananas. As anormalidades se avolumam e a sociedade continua de cabeça baixa. Os absurdos políticos, sociais e econômicos se multiplicam e a população permanece alheia. A criminalidade, a violência e a impunidade tomam conta das ruas e os cidadãos de bem se escondem intramuros.

As notícias de parte da imprensa tradicional e das redes sociais dão conta de que o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), decidiu retirar o Projeto de Lei da anistia aos presos do 8 de janeiro (PL 2858/2022) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O relatório do projeto seria discutido e votado nesta terça-feira (29). Retirou o projeto por quê? Jogada de uma politicagem rasteira, com certeza.

O projeto da anistia, que seria votado na CCJ, aponta violações a princípios do ordenamento jurídico, como a individualização da pena, a proporcionalidade, a dignidade humana e o in dubio pro reo (na dúvida, a favor do réu), princípio jurídico que se aplica quando há dúvida sobre a existência de um fato. Neste sentido, cabe destacar a importância da individualização das condutas, evitando condenações injustas e desproporcionais que possam atingir cidadãos comuns que participaram pacificamente dos protestos.

Na República das Bananas, as notícias ruins são assim, empurradas goelas abaixo da população. E cabe informar que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todos os atos processuais conduzidos pelo ex-juiz Sergio Moro contra o ex-ministro José Dirceu no âmbito da operação Lava Jato. A decisão abrange as condenações impostas a Dirceu, incluindo aquelas já confirmadas por instâncias superiores, e invalida todas as medidas processuais relacionadas. A decisão do ministro abre espaço para José Dirceu disputar eleição em 2026. É pouco? Prepara-se, porque tem mais.  

O que está ruim pode piorar. De novo, sempre na mídia, o todo poderoso STF, que confirmou nesta segunda-feira (28/10) a condenação de mais 14 pessoas por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023 que levaram à invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Os réus foram julgados no plenário virtual da Corte, sendo 12 por não terem aceitado o Acordo de Não Persecução Penal proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e dois por porte de objetos que poderiam ser usados como armas. E o devido processo legal, cadê?

Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) resolveu abrandar a situação do crime de peculato do deputado federal André Janones (Avante/MG), previsto no artigo 312 do Código Penal, que consiste na apropriação por funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou no desvio desse bem em proveito próprio ou alheio. A pena pode ser de 2 a 12 anos de prisão e multa.

Neste caso concreto, a PGR concluiu que há indícios de suposto crime de peculato por parte do deputado e de dois assessores no caso das “rachadinhas”. Daí que a PGR propôs um acordo de não persecução penal (ANPP), que permite ao acusado que confesse a prática do delito e receba punições mais brandas, como o pagamento de multa ou prestação de serviços à comunidade. Ou seja, com isso, Janones e seus assessores podem evitar o processo judicial pelo crime cometido e ficam livres, leves e soltos. Eu pergunto: como entender o procedimento da PGR quando analisa vários casos dos manifestantes de 8 de janeiro e um caso como esse de “rachadinha”, que envolve desvio de salário de assessores ou desvio de dinheiro público? Dois pesos e duas medidas?

O declínio contínuo da República das Bananas passa pela péssima atuação do Congresso brasileiro. A falta de regulação entre os poderes é um risco para a democracia, e a situação atual do país se aproxima rapidamente de uma forte ditadura, por culpa da omissão e da covardia do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Parlamentares brasileiros reconhecem que o Brasil vive uma tremenda insegurança jurídica devido às ações dos ministros do STF. Deputados e senadores têm medo e não têm sequer tranquilidade para discursar da tribuna. Para aqueles que criticavam o governo militar, hoje o regime judicial no Brasil é muito pior. E mesmo diante de tantos descalabros, o Congresso Nacional continua sem dar respostas até mesmo para a retirada da liberdade de expressão. Ou seja, a república de bananas segue silenciosa, de cócoras e com o queixo aos joelhos, em declínio contínuo. 

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Julvan e Berna Magalhães29 de outubro de 2024 às 17:39

    Dr. Wilson nós somos seus leitores e aprendemos muito com seus artigos. A república está mesmo cheia de bananas -homens e mulheres bananas - que não sabem lutar pelo país belo e maravilhoso que tem. A esquerda falida e esse pessoal aí da ditadura vermelha vão destruir o Brasil se o povo deixar. Os bananas precisar virar gente e virar cidadãos e reagir contra a opressão e contra a ditadura da toga e de todos os demais do governo comunista que está no poder. Julvan e Berna Magalhães.

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  2. Marcelo Quaresma D. F.30 de outubro de 2024 às 10:36

    O Brasil está descendo a ladeira como diz sempre o Dr. Wilson,e o motivo é a corrupção do governo, os prejuízos das estatais, a insegurança jurídica, a falta de investimentos externos, o descontrole fiscal interno federal, o autoritarismo do STF, a fragilidade e covardia do Senado e da Câmara e o povo frágil, sonolento, acomodado, que fica só espiando enquanto o país vai pro fundo do poço. Dr. Wilson Campos seus artigos merecem capa de jornais e revistas para nosso povo ler e abrir os olhos para a realidade dura que hoje vivenciamos na nossa republiqueta das bananas mas que pode virar uma República de verdade se o povo quiser e se levantar do sofá. Parabéns mestre advogado. Abr. Marcelo Quaresma D.F.

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  3. José Carlos B. F. Silva30 de outubro de 2024 às 15:08

    Esse declínio doutor Wilson é porque o povo não sabe votar e elege o filho do filho do filho do lugar, o neto do fulano, o irmão de beltrano, o parente dociclano e assimvai formando essa dinastia semfim de políticos que não querem nem saber dopovão e o povão que se dane. Esse senador Pachecopor exemplo vê tudo de erradop acontecendo e nãofaz nada, e é ele e os outros 5o senadores da repúbliucde das bananas, e os 513 depuitados alimentados com emendas parlamentares bilionárias, e o povãoque se lasque. José Carlos B.F. Silva.

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  4. O supremo livrar a cara do zé dirceu é um absurdo tão grande que já não existe mais ficha suja depois desse. O maior ficha suja está livre e já é presidente; o segundo ficha suja acaba de ficar livre dos processos por ordem do gilmar. O supremo precisa trazer de volta o marco aurélio e o joaquim barbosa e o celso de melo. Pode tirar gilmar, alexandre e toffoli e colocar os três que citei, e talvez assim o stf tenha um equilíbrio de gente mais sensata. Dr. Wilson Campos grande e fraterno abraço meu caro. Prof. Giovani Loredo

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