A CHUVA E AS INUNDAÇÕES EM BELO HORIZONTE.
O calor excessivo, o clima seco e a baixa umidade
relativa do ar reclamam por chuva. As pessoas e o meio ambiente precisam da
chuva, evidentemente, pois ela é fundamental para a vida no
planeta e traz benefícios diretos a todos os seres vivos e à natureza, por ser
fonte de água, e quando se pensa na necessidade da água, é relevante lembrar
que ela não serve apenas para beber, tomar banho ou regar as plantas. A água é
produto indispensável para a indústria, o agronegócio e a respectiva produção
de alimentos saudáveis. A chuva é água e ambas são sinônimos de vida. Mas, infelizmente,
existem os perigos da chuva, principalmente nos centros urbanos, áridos e de
solo impermeabilizado por cimento e asfalto.
Sem
dúvida, a população sabe muito
bem da importância desse fenômeno climático, meteorológico, conhecido como
chuva. No entanto, lamentavelmente, com a chuva forte, moradores de vários
bairros de Belo Horizonte ficam sujeitos ao sofrimento do dia a dia, haja vista
que as regiões de alagamentos estão crescendo e nem assim os responsáveis pela
administração municipal resolvem o problema, deixando apenas para lamentar
quando o pior acontece.
Cumpre observar que a primeira grande enchente na
capital foi em 1923, com o transbordamento do Ribeirão Arrudas. De lá para cá
ocorreram centenas de inundações sem que providências sérias fossem tomadas. O
sistema de drenagem é péssimo e nada é feito para melhorá-lo. A
impermeabilização do solo, a canalização dos córregos, o asfaltamento das ruas,
os pisos de cimento nos quintais das residências e o absurdo corte irracional
de árvores contribuem muito para as enchentes na cidade e são fatores de
grandes impactos e riscos severos para a drenagem.
Em novembro de 2018 as chuvas inundaram a região
norte da capital mineira, causaram mortes e provocaram destruição. A prefeitura
informou que as obras necessárias seriam realizadas. No entanto, já estamos no
fim de outubro de 2019, quase um ano depois da promessa, e as obras nem dão
sinais de efetividade de execução. As desculpas são de que projetos serão
refeitos e a previsão é de conclusão em 2025. Até lá, as chuvas virão, e com
elas, as terríveis enchentes, arrastando carros, inundando casas e lojas e
matando pessoas. Ou seja, a realidade dos moradores é de desesperança, pois,
sem a chuva, nada prospera, e com a chuva, a cidade se transforma em rio, lama,
sujeira e lixo por todo lado. A cidadania fica relegada a segundo e terceiro
planos e a vítima é sempre a população.
Veja-se o caso do projeto de obras
para a avenida Vilarinho, em Venda Nova, que foi apresentado pela Prefeitura de
Belo Horizonte (PBH) no final do ano passado, que não será mais executado. Segundo
a administração municipal, um novo planejamento de intervenções foi feito para
a região. Ao contrário do prazo anterior, de entrega da obra em 2021, o novo
escopo deverá ser finalizado em 2025.
O
motivo, conforme alegado pela PBH e noticiado pela imprensa foi a constatação
de que o primeiro projeto não seria capaz de resolver o problema da região, e caso
fosse executado, o escopo anterior não iria absorver o volume de água no
encontro dos córregos Vilarinho, Nado e Isidoro, na região da praça do Habibs,
na avenida Vilarinho. As alternativas encontradas serão os reservatórios
subterrâneos que serão colocados ao longo das avenidas Vilarinho e Álvaro
Camargos. Serão construídos 12 reservatórios ao longo dos dois corredores com
capacidade de absorver 65, 90 e 105 mil metros cúbicos de água.
Em
suma, as etapas da obra devem terminar em 2025 e o custo total da intervenção
aumentou de R$ 300 milhões para cerca de R$ 500 milhões. Parte da verba, também
segundo a PBH, sairá dos cofres do município. O restante será viabilizado por
empréstimo que já foi aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal. E
enquanto 2025 não chega, a população vai sofrendo com as enchentes, com os
danos e com as mortes de inocentes. Daí a advertência para que os moradores não
se intimidem e acionem judicialmente a prefeitura, e isso tão logo surjam os
danos em razão das enchentes e em função da negligência e omissão municipal,
posto que para a responsabilização do município, que é objetiva, faz-se
necessária a ação judicial com pedidos de indenização.
Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, e Delegado de Prerrogativas da OAB/MG).
Dinheiro para carnaval tem. Dinheiro para viagens de avião tem. Dinheiro para resolver o problema das enchentes não tem. As obras que precisam ser feitas não são feitas e fica por isso mesmo. Uma vergonha isso. Meus parabéns ao dr. Wilson Campos pelo excelente artigo e pela preocupação com a nossa cidade. Obrigado caro doutor. Abr. Elmo Jr.
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