O DIA DO PROFESSOR SÃO TODOS OS DIAS DO ANO.


No dia 15 de outubro se comemora o dia do professor, mas por uma questão de justiça e reconhecimento, todos os dias do ano devem ser de consagração desse profissional admirado e respeitado pela família e pela sociedade. Daí a convocação para que os professores não desistam da sua missão de educar, não desanimem diante dos obstáculos e não se deixem vencer pelos atos pessimistas de outrem.

Lembro-me, muito bem, da minha professora de português, dona Ofélia Fernandes, que, sempre muito carinhosa, dedicava-se ao magistério de corpo e alma, diuturnamente, haja vista sua disposição clássica para ensinar durante as aulas e fora da sala de aula, corrigindo quem errava o verbo, a frase, a escrita ou a pronúncia, mas tudo isso de forma delicada, maternal, tratando seus alunos como filhos e dispensando a todos a mesma atenção. Ela amava seus alunos e seus alunos a amavam e admiravam. Saudades da época do grupo escolar e do ginásio. Bons tempos!

Hoje, tristemente, recebemos informações pela imprensa de alunos que agridem seus professores em sala de aula, na mais absoluta falta de respeito. Hoje, lamentavelmente, além dessa covardia e dessa violência contra os mestres, os salários são irrisórios e não representam nada diante da importância do profissional de ensino, seja pela sua capacidade intelectual, pelo tempo de ensino, pelo amor à causa, pelo espírito de cidadania ou pela simples vontade de ajudar na formação de homens e mulheres éticos, honrados, trabalhadores e melhores.  

Custa-me crer que a sociedade civilizada admita que os professores sejam tão maltratados, tão mal remunerados e tão desconsiderados pelo poder público. Enquanto um vereador receber mais do dobro que um professor, não haverá verdade na justiça desse país. Torna-se incompreensível tamanha disparidade. Prospera a irracionalidade em detrimento da cultura. Cria-se um vácuo na formação da cidadania tão almejada. Desce morro abaixo a esperança de uma vida melhor para crianças, jovens e adultos. E amarga-se a derrota de uma geração, exatamente por não existir compromisso com a educação.

A escola é lugar de aprender a ler e a escrever. Não cabe na escola a substituição dos pais pelo professor. Cada um no seu papel. A rigor, o papel do professor é intransferível, porquanto seja sua a tarefa de transmitir conhecimentos, de revelar para as pessoas o mundo da matemática, da história, da geografia, da língua portuguesa, do inglês, da química, da física, das artes, da biologia, entre outras disciplinas tão importantes quanto. A missão do professor é sacerdotal e indispensável na vida de qualquer um. Entretanto, não compete ao professor a responsabilidade de exercer o papel de pais de alunos. Essa função é da família, é dos pais e das mães. Ademais, a missão do professor é ensinar na escola, e a missão dos pais é educar em casa. Somadas, essas missões contribuem para a formação do ser humano. Dissociadas e distantes, promovem a perturbação moral do indivíduo.

Pai, mãe e filhos são elos de uma corrente social que se espera fraterna, forte, coesa e indivisível. Professor, aluno e escola são partes da sabedoria e do conhecimento, que se completam. Não existe nessa combinação, juntados todos, permissão de uns substituírem os outros, pois os cargos e as responsabilidades são distintos. Professor é professor e família é família. Portanto, escola não é lugar para filosofia partidária ou discussões políticas extremistas. Escola é lugar de ensinar as disciplinas que estão na grade curricular. Os demais assuntos, controversos e complexos no meio social, devem ser deixados para a família. Assim, a família não se irresigna nem o professor se desgasta.

Independentemente dos malgrados políticos e filosóficos do mundo atual, onde a intolerância é grande, a confiança no professor é primordial, posto que seja sempre ele o marco relevante da dedicação, da paciência e do companheirismo ao longo dos anos de ensino. Será sempre o professor um mestre, um modelo de empenho por um futuro brilhante e um exemplo de esperança para os alunos que pretendem encontrar um mundo melhor para viver. Não raros são os professores virtuosos, portadores de elevados princípios, que se esmeram em servir e educar e não decepcionam. E incontáveis são os professores que espalham a cultura e o saber; que se dedicam e se apaixonam pelo trabalho realizado; que melhoram as pessoas, o mundo e o jeito de viver; que transformam crianças em adultos, durante a longa caminhada pelas trilhas do saber; e que honram a pátria, embora esta não saiba, até hoje, como retribuir.

Enquanto existirem professores comprometidos com a educação, também existirá esperança.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental).


              

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