O ELEITOR CONSCIENTE E AS ELEIÇÕES DE 2020.
É
no Município que as coisas acontecem. É no Município que são aplicadas as políticas públicas que mais
influenciam a vida da coletividade, garantidas pela gestão democrática da
cidade. Se
um bairro ou uma rua precisa de melhoria, se a saúde e a educação estão
funcionando adequadamente, se as atividades econômicas estão de acordo com as
potencialidades da cidade ou se as pessoas têm oportunidades de trabalho e
renda, tudo fica mais fácil de ser diagnosticado no próprio Município.
A Constituição Federal prevê em seu texto, expressamente,
que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal (art. 1º), incluindo os Municípios
na organização político-administrativa da nação (art. 18). Questionou-se, pois,
se seria possível uma Federação de três níveis, como assegurado pela Constituição,
ou se o Município não passaria de divisão geográfica do Estado, dotado de
competências próprias, mas não especificamente um ente federado.
O que se verificou, entretanto, é que o Estado nacional,
apesar de não seguir os padrões norte-americanos, não deixa de ser uma
Federação, porquanto as principais características dessa forma de Estado, que
são a descentralização política por meio da repartição de competência e
garantia da autonomia dos entes federados, são conservadas no modelo
brasileiro.
Realmente, a Constituição de 1988 outorgou aos
Municípios um grau de autonomia inédito, assegurando-lhes o exercício de
competências próprias dos Estados-membros, como a edição e execução de leis,
instituição e cobrança de impostos e, acima de tudo, o poder de
autoconstituição, consagrado na prerrogativa de elaboração e aprovação, sem
intervenção da União ou dos Estados, da Lei Orgânica.
Tal autonomia, aliada à expressa previsão
constitucional e, também, às especificidades históricas da formação do Estado
Federal Brasileiro, permitem concluir que os Municípios integram e formam a
Federação, não podendo ser considerados como meras divisões
político-administrativas dos Estados.
Impõe-se, portanto, a aplicação de uma hermenêutica
constitucional voltada para o reconhecimento e primazia dessa autonomia
municipal, a fim de permitir e dar nova força à descentralização das funções
estatais. Daí a necessidade da escolha correta pelo eleitor do melhor candidato
nas eleições municipais. seja para prefeito ou vereador, que contribua para a
inclusão de instrumentos que priorizem a iniciativa popular, de forma que o
cidadão se sinta inserido na discussão de uma cidade melhor para viver.
A
partir da manifestação nas urnas, de forma consciente pelo cidadão, cada Município
deve procurar soluções para seus problemas, embora muitas ações ainda sejam centralizadas
pelos governos estaduais e federais. Os programas que são repassados aos Municípios,
principalmente nas áreas de assistência social, saúde e educação, sem dúvida
ajudam a melhorar a qualidade de vida nas cidades, mas não resolvem todas as
necessidades nem sanam as múltiplas dificuldades.
As eleições municipais de 2020 estão se aproximando
e isso torna o cidadão mais crítico, exigente e participativo da vida social. Esse
comportamento deveria perdurar para além das eleições, com cobrança e
fiscalização do mandato do político escolhido. Ora, o voto representa a
conquista de um espaço de prática coletiva da democracia, e a cada nova eleição
os valores individuais se multiplicam, revelando uma sociedade testemunha da existência
ou não do Estado democrático de direito.
O eleitor não pode votar e depois sumir, esquecer e
pouco se importar com os compromissos assumidos pelo seu candidato. Não pode
ser assim. O exercício da democracia requer cidadãos que se mostrem mais
efetivos, mais presentes e mais interessados nas questões da cidade, o que pode
ser demonstrado pela proximidade com os gestores públicos do Executivo e com os
representantes do Legislativo, possibilitando a participação direta da
população na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e
projetos de desenvolvimento urbano. O eleitor precisa assumir seu papel na
sociedade e reivindicar uma cidade melhor para todos.
A qualidade de vida, embora seja um tema recorrente
nos discursos dos candidatos, dificilmente se concretiza em prol de todos,
mesmo porque as promessas caminham no sentido contrário das realizações.
Portanto, cabe ao eleitor escolher com proficiência aquele que irá
representá-lo no Executivo e no Legislativo municipal.
Enquanto a fiscalização dos atos do prefeito cabe
aos vereadores, a fiscalização da gestão de ambos cabe ao povo, uma vez que o
padrão de probidade deve ser exigido de todo e qualquer agente político. De
sorte que as eleições municipais exigem esforço intelectual e cívico do
eleitor, que deve fazer valer a faculdade do exercício pleno da cidadania, com
destaque para o momento de saber escolher entre todos, aquele que represente
melhor a ética, a honestidade, o trabalho, a competência e, principalmente,
esteja disposto ao diálogo e saiba escutar os clamores da população.
Em
razão de todo o acima exposto, o eleitor deve ficar atento às qualidades dos
candidatos, antes de votar. É comum, em época de eleições, que os meios de
comunicação dediquem-se a publicar matérias sobre as mais variadas fórmulas que
o eleitor deve usar na hora de decidir em quem votar. Todas as ideias são
interessantes, algumas simples, outras nem tanto. Assim, aproveitando a
oportunidade, elegemos alguns critérios que devem ser levados em conta para
escolher um candidato de melhor quilate.
Primeiramente,
o eleitor deve identificar quais valores julga mais importantes e quais valores
quer ver seu representante defender. Isso é importante porque, geralmente,
escolhemos um candidato por afinidade, ou seja, aquele que tem valores iguais
aos nossos.
Em
teoria, não há nada de errado nessa escolha, aliás, é improvável, senão
impossível, alguém votar em quem defende valores opostos aos seus. Contudo, o
eleitor deve esforçar-se para escolher candidatos que tenham preocupações
universais, ou seja, preocupações que dizem respeito ou são aplicáveis a todas
as pessoas e não só a um pequeno grupo.
Para
saber o que o candidato pensa, o eleitor deve conhecer a carreira dele, assim
como sua atuação profissional, seu histórico de vida, sua postura ética e sua
conduta diante da sociedade. Se o discurso do candidato não condiz com sua
atuação em outros momentos da vida, isso é um indício de que ele pode estar
mentindo.
Em
seguida, é preciso analisar suas propostas, o partido ao qual está filiado e
quem são seus correligionários. Além disso, é preciso ver se suas promessas são
viáveis e compatíveis com o cargo que ele pretende ocupar. Promessas genéricas
do tipo “vou criar milhares de empregos” são muito fáceis de fazer e, obviamente,
inviáveis de cumprir.
Informação
das mais importantes é saber quem são os financiadores do candidato, pois as
pessoas e empresas que financiam as campanhas eleitorais têm interesses que nem
sempre se coadunam com os interesses da coletividade.
Muito
embora não dê para ter certeza de que o candidato mais preparado cumprirá suas
promessas, mesmo que viáveis, é possível reconhecer e descartar o político
falastrão e despreparado. Não existe mais espaço para candidato demagogo e
oportunista.
Para
obter informações sobre os candidatos, devemos ficar atentos a notícias,
jornais, revistas, propagandas eleitorais veiculadas no rádio e na televisão,
pesquisas e debates entre os concorrentes. Dessa forma, é possível saber se o
candidato já esteve envolvido em algum escândalo, o que ele realizou em
mandatos anteriores e avaliar suas propostas. Se o candidato for novato na
política, o eleitor deve procurar saber sobre sua vida social, sua qualificação
e suas propostas.
Todos
os meios de veiculação de informação são válidos, contudo, atualmente, a melhor
ferramenta para auxiliar o cidadão é a Internet, pois nada escapa à rede
mundial de computadores nem às redes sociais. Nas páginas dos órgãos do
Legislativo, da Justiça Eleitoral, de algumas ONGs ou simplesmente em sites
de busca, é possível obter informações sobre os candidatos e políticos. Pesquise
e avalie bem antes de destinar o seu voto.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).).
O melhor é saber quem são os candidatos a prefeito e a vereador.
ResponderExcluirNão é conveniente votar só por votar.
O bom eleitor pesquisa bem antes de votar.
No caso aqui da nossa capital a coisa precisa de maior cuidado porque os vereadores atuais são péssimos e o prefeito idem. As mudanças tem de ser radicais. Mudar geral.
Dr. Wilson seu artigo é uma aula e tanto de cidadania e seguindo seus conselhos tudo pode melhorar.
Esse eleitor agradece.
Abrs.