OS COMENTÁRIOS REPROVÁVEIS DO MINISTRO CELSO DE MELLO.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, que deveria guardar a Constituição, ao contrário disso, escreve a sua própria, ao seu talante, blasfemando contra o povo brasileiro, desrespeitando a mim e a você e manchando com vergonha alheia a grandiosa história do Brasil.

Lamentavelmente, cumpre notar as afirmações do ministro, que insulta e ofende o que é considerado digno de respeito e reverência na nação brasileira - o cidadão. A blasfêmia foi disparada na véspera de uma manifestação de simpatizantes do presidente Bolsonaro, que ocorreu no domingo (31/05), em Brasília.

Segundo divulgado pela imprensa, vejamos o contrassenso, a imprecação e a absurdez do decano da Corte, que comparou o Brasil à Alemanha de Hitler:

“GUARDADAS as devidas proporções, O 'OVO DA SERPENTE', à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933), PARECE estar prestes a eclodir NO BRASIL!", escreveu o ministro do STF, assim mesmo, usando letras maiúsculas e exclamações para enfatizar trechos do comentário.

“É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo Presidente Paul von Hindenburg, em 30/01/1933, COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA ('REICHSKANZLER'), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA, DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/1919, impondo ao País um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição, em março de 1933, da LEI (nazista) DE CONCESSÃO DE PLENOS PODERES (ou LEI HABILITANTE) que lhe permitiu legislar SEM a intervenção do Parlamento germânico!!!! 'INTERVENÇÃO MILITAR', como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO, no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA DITADURA MILITAR!!!!", arrematou Celso de Mello.

Confesso que, com tristeza, resolvi escrever sobre o acontecido, e embora se trate de um entendimento monocrático do ministro do STF, não posso deixar de condená-lo pelas violentas palavras, que feriram profundamente os brasileiros. Nós não somos fascistas, ministro, nem temos a índole sanguinária de Hitler. Somos um povo pacífico e aprendiz da democracia, mas jamais tendentes a derramamento de sangue ou afeitos a atrocidades e barbaridades. O senhor, ministro Celso de Mello, engana-se, redondamente, e demonstra não conhecer o povo brasileiro nem sua tradição civilizada e humanitária.

Peça perdão aos brasileiros, ministro, pois essa é a única decisão acertada a ser tomada por Vossa Excelência. Ademais, se seus julgados de outrora representaram a interpretação do Direito e da Justiça, sob a sua ótica jurídica, esse mea culpa de sua parte agora é um dever e uma obrigação, mesmo porque a sua agressividade gratuita contra as pessoas de bem do Brasil não pode passar em branco, ainda mais vindo de uma autoridade que se diz guardiã da Carta Magna.

Nós não somos nazistas, ministro. Não somos racistas nem genocidas. Nós somos cidadãos pacíficos, cristãos, católicos e de várias religiões, mas todos crentes em Deus, pai, todo-poderoso, que prega na Bíblia a bondade e o amor entre as pessoas. Não somos eugenistas nem defensores da raça pura e ariana. Não temos apego ao populismo, à demagogia nem aos extremismos da politicagem. Não avançamos contra outros países nem arrasamos pátrias de outrem. Não pertencemos às claques que instigam conflitos internos ou guerras mundiais. E não aceitamos, sob hipótese alguma, a infame comparação aos nazistas.

Generalizar, ministro, como o senhor fez, é impróprio para a sua função e cargo, servidor público que é. Generalizar, magistrado, significa dar sentido comum, difundir, universalizar. De sorte que, em assim fazendo, Vossa Excelência está colocando no mesmo patamar todos os brasileiros, causando danos e constrangimentos a milhões de pessoas, sem distinção ou exceção. Afinal, quem lhe deu tamanho poder para julgar sem conhecer os fatos e as provas inerentes a cada cidadão, bolsonarista ou não? As suas mensagens, ministro, como divulgadas, coléricas e generalizantes, nada mais são do que manifestos error in procedendo et error in judicando, sem apreciação do mérito.

Os bolsonaristas não podem ser julgados de forma generalizada, colocados na condição de antidemocratas ou desrespeitados por serem de centro ou de direita. Ora, que democracia é essa que o senhor defende nos seus comentários, que não respeita as diferentes opiniões e as livres escolhas? Eu votei em Jair Bolsonaro e até aqui não me arrependo, pois o outro candidato representava e continua representando a falência e o caos econômico, político e social, cujo partido está mergulhado em escândalos de toda espécie e natureza.

Eu afianço-lhe, ministro Celso de Mello, que não sou fascista, não desprezo a liberdade nem odeio a democracia. A rigor, sou um cidadão comum, que vota, que trabalha, que tem família e cumpre com seus deveres e obrigações. Os seus comentários, altamente desairosos, são reprováveis por mim e por todos os brasileiros que se sentiram violentados em razão das suas raivosas considerações nada Republicanas.  

Rogue perdão ao povo brasileiro, ministro Celso de Mello, pois, no mínimo, comparar o Brasil à Alemanha de Hitler e dizer que o “ovo da serpente” está prestes a eclodir são conjecturas desprezíveis e sujeitas a protestos da cidadania brasileira. Receba, portanto, senhor ministro, data maxima venia, meus indignados protestos pela sua arrogância em face dos cidadãos brasileiros e pelo seu total desmerecimento aos 520 anos do Brasil, aos 198 da Independência e aos 131 da República.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).