PAGANDO UM PREÇO MUITO ALTO PELO ERRO.
A lição ficará para sempre,
independentemente daqueles que não querem aprendê-la e preferem a ignorância. A pandemia de Covid-19 está mostrando ao mundo a
insignificância dos bens materiais em face dos valores morais, sociais e
ambientais. A ganância das nações poderosas restará resumida à necessária cooperação
mútua, indispensável à civilização.
Os países, por mais desenvolvidos que sejam, não estão
preparados para eliminar o coronavírus e muito menos as pandemias futuras. Não sabem
ainda como enfrentar a disseminação do vírus em seus mais diversos ambientes. A
globalização, a tecnologia e a internet tornaram-se estrelas do avanço
contemporâneo, mas o mundo se esqueceu da estruturação das áreas da ciência da saúde
e da microbiologia, em prol da defesa da humanidade.
Os avanços tecnológicos não privilegiaram os países
pobres, que estão à mercê de seus equipamentos ultrapassados e investimentos
pífios na área da saúde. Aliás, os sistemas de saúde dos países pobres são
frágeis e não correspondem ao mínimo necessário, e os dos países ricos não
estão preparados para deter o vírus. Ou seja, grandes investimentos em determinadas
tecnologias de ponta e pouca verba para pesquisas de vacinas contra microrganismos
e doenças invisíveis.
Se a preocupação mundial é com poder bélico, mísseis,
guerras nucleares e demonstração de força, chegou a hora de mudar e admitir o medo
de infecção por um vírus altamente contagioso. Caso contrário, todos pagarão um
preço muito alto pelo erro. A devastação na economia será certa e colocará de
joelhos os pequenos países, mas os grandes também sofrerão reveses. A união de
todos se fará necessária no combate ao inimigo comum e na construção de uma
nova ordem mundial, pacífica.
A solidariedade entre as nações precisa melhorar,
urgentemente, com maior ênfase às mais atingidas pelo coronavírus. O mundo deve
entender que a omissão de antes não pode prosperar, que a doença requer cura imediata
e que a prevenção contra a próxima pandemia deve começar agora. E que toda a
tecnologia do mundo globalizado sirva também para salvar vidas.
As epidemias e pandemias anteriores (dengue, gripe
espanhola, ebola, Sars, entre outras) não mereceram a atenção necessária dos
líderes mundiais, que não capacitaram hospitais e pessoas para novos enfrentamentos.
Todos esses casos foram tratados com negligência. E, mais uma vez, com o ataque
do coronavírus, o mundo virou de ponta-cabeça, e os governantes se perderam em providências
precárias de última hora.
Tão logo passada a pandemia e acalmados os ânimos,
um novo mundo se desenhará no horizonte. Se bom ou ruim, fácil ou difícil, ninguém
sabe. O absurdo número de mortes chocará a humanidade e deixará famílias
inteiras marcadas pela dor e pela perda. Mas, ainda assim, a grande expectativa
será de dias melhores, sem medo, sem vírus, sem guerra e sem inimigos a
enfrentar. Utopia ou possibilidade?
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado
de Prerrogativas da OAB-MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 2 de abril de 2020, pág. 19).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 2 de abril de 2020, pág. 19).
Dr. Wilson, eu concordo com o senhor quando diz que é hora de prevenir contra futuras pandemias.
ResponderExcluirEspero que isso se realize e não aconteça dentro de 10 anos outro corre- corre como está sendo agora.
Os governantes mundiais precisam investir mais em vacinas e pesquisas na área da saúde, em vez de meter dinheiro em armas e poderio bélico, como se isso fosse o pulo do gato. Mas não é, porque a saúde mundial é mais importante e as populações do mundo inteiro estão despertando para isso e não vão permitir que novas tragédias aconteçam.
Pela qualidade do seu artigo Dr Wilson Campos receba minha reverência e meus parabéns pelo gesto de Cidadania que o senhor bem representa e defende na OAB.
Abrs. do Osvaldo Ventura - biólogo e professor univ.