O TRISTE CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO.
Os
brasileiros, tristemente, convivem com a depravação política instalada no país.
Não há respeito pela ordem nem pelo progresso. A máxima dos políticos
emergentes é aparecer na mídia, destilar ódio e se achar acima do bem e do mal.
A lição que os políticos aprenderam não serve para educar em nenhuma escola,
por pior que seja a instituição de ensino.
Os
políticos foram cooptados pelo neoclientelismo institucional. Sistematicamente,
o poder os corrompeu e agrupou na doutrina dos silenciosos, bajuladores,
passivos e servis, salvo raríssimas exceções. A nação que se esperava
democrática, libertária e cumpridora das promessas estagnou as realizações e
matou os sonhos. A juventude que brandiu bandeiras e pediu eleições diretas se
decepcionou com os aproveitadores contumazes que passaram a defender apenas
interesses próprios.
O
modelo de políticos corretos, honestos e éticos não foi reproduzido e os que
surgiram estão cada vez piores. As aulas de politicagem e malandragem dominam
as cabeças dos atuais representantes do povo. São fracos de espírito e sem
aptidão para o trato com a coisa pública. Não resistem às comparações, nem de
longe, com políticos do porte de Ulysses, Tancredo e Teotônio, uma vez que os
portadores de mandatos, atualmente, não conseguem nem imitar os grandes gestos
desses homens, que, embora tivessem muitos defeitos, estão muito acima dos que
hoje se dizem membros da política brasileira.
Os
bons políticos se foram. Os maus ficaram. Pior, se multiplicaram, para
infelicidade do povo. Com a desesperança crescendo a cada dia e tomando conta
das mentes sadias, os algozes aproveitam para fertilizar os seus cérebros
doentios com ações ímprobas. A politicagem silente, subserviente e submissa já
não se esconde. Mostra a cara, pede voto e tripudia dos incautos eleitores.
Na
librina das noites e madrugadas já não encontramos mais as cabeças patriotas a
pensar. As discussões agora excluem os princípios fundamentais e dão
preferência às inescrupulosas ações que dilapidam vergonhosamente o patrimônio
e os cofres públicos nacionais.
Os
traidores das garantias constitucionais são traidores do país. Os
desrespeitadores dos direitos sociais são exploradores do esforço humano. Os malversadores do erário público são
criminosos comuns disfarçados de colarinhos brancos.
Onde
a lei não alcança ou a justiça tarda, pratica-se a politicagem do ódio
perpetrada pela ganância das facções políticas no poder, com a população
pagando um alto preço pela desonestidade dos gestores públicos amorais. Os
investimentos faltam, os recursos somem e a nação caminha cambaleante.
O
papel do Parlamento não é esse que desempenham por aí. As prerrogativas do
sistema bicameral precisam ser assumidas e exercidas de modo a construir
barreiras aos erros do Executivo e aos desperdícios dos recursos que deveriam
ser investidos na formação de uma sociedade mais igual. No entanto, o
fisiologismo arraigado na classe política coloca em evidência o toma lá dá cá
que governa a conflituosa e verdadeira relação entre o Poder Executivo e o
Congresso.
Não
há o que comemorar no cenário político brasileiro. A mediocridade é tamanha que
até os acertos, muito raros, passam desapercebidos. As mudanças não vão surgir
por obra do Executivo ou Legislativo, mas por pressão do povo. As mobilizações
é que darão nova cara ao Estado democrático de direito. Serão os cidadãos nas
ruas que darão o tom da música a ser tocada. Afora isso, só Deus!
Com
políticos sérios e probos a história seria outra. A politicagem silente,
subserviente e submissa não existiria, porque embora perigosa na arte do
segredo, da condescendência e do puxa-saquismo, simplesmente não teria espaço
para voar, posto que suas asas estariam meticulosamente podadas. Os corruptos e
corruptores da mesma forma não sobreviveriam. Contudo, o que vemos hoje são
governantes que corrompem e que se deixam corromper.
Wilson
Campos (Advogado/Especialista com pós-graduação e atuação nas áreas tributária,
trabalhista, cível e ambiental).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de sábado, 25 de abril de 2020, pág. 9).
SENSACIONAL. MUITO BOM. ACIMA DEMAIS DA MÉDIA DOS ARTIGOS DE JORNAIS E BLOGS. REPITO QUE GOSTEI DEMAIS E ESTOU SURPRESO COM A QUALIDADE DOS TEXTOS E DA EXCELENTE ESCRITA DOS ARTIGOS TODOS. PARABÉNS DR. WILSON. - JOSÉ PEDRO j.o. - BH-MG.
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